São Paulo, quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

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Em apoio à Argentina, Brasil barra embarcação britânica

Governo impede que navio de guerra vindo das Malvinas atraque no Rio

Segundo Itamaraty, decisão é "política e diplomática'; país quer maior elo com vizinho, que reclama as ilhas


JULIANA ROCHA
DE BRASÍLIA

GUSTAVO HENNEMANN
DE BUENOS AIRES

Em apoio político à Argentina, o governo brasileiro impediu que um navio de guerra britânico vindo das ilhas Malvinas fizesse escala no porto do Rio de Janeiro.
Ontem, o Itamaraty confirmou que o governo negou autorização para que a embarcação atracasse no Brasil, explicando que foi uma decisão política e diplomática. O caso havia sido revelado pelo jornal argentino "Clarín".
"A decisão foi tomada à luz do quadro político e diplomático da região", informou o Itamaraty, acrescentando que o Brasil deseja ter um relacionamento mais denso com o país vizinho acerca da situação nas ilhas.
Antes de negar a escala ao navio de patrulha britânico, o governo brasileiro conversou com o argentino.
Apesar disso, o Itamaraty disse que a permissão para que navios britânicos parem será tomada caso a caso. Ou seja, não há uma ordem para que a decisão seja estendida a todas as embarcações vindas das Malvinas.
Segundo a Embaixada do Reino Unido no Brasil, foi feito um pedido de "autorização diplomática" para que o HMS Clyde -o navio de defesa das ilhas Malvinas- fizesse uma escala no porto do Rio entre o fim da primeira semana de janeiro e o início da segunda semana.
Ao ter o pedido negado, o navio parou para abastecimento em um porto do Chile.
A embaixada afirmou que o governo britânico respeita a decisão brasileira e que o episódio não terá futuras consequências diplomáticas.
O episódio com o navio britânico é a primeira consequência prática da posição adotada pelo Brasil sobre as Malvinas.
Em 3 de agosto do ano passado, o então presidente Lula assinou uma declaração na cidade argentina de San Juan em que declara ser legítima a disputa do país pela soberania no território.

"SATISFAÇÃO"
Segundo o "Clarín", que publicou a informação no sábado, foi a primeira vez que o Brasil tomou tal atitude.
Integrantes do governo argentino manifestaram "satisfação" nos bastidores com a decisão brasileira de proibir o navio britânico.
A Chancelaria do país, no entanto, não confirmou à Folha se havia sido informada do fato e também não disse se o pleito argentino em relação às ilhas foi tema do encontro ocorrido anteontem entre o chanceler brasileiro, Antonio Patriota, e a presidente Cristina Kirchner.


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