São Paulo, domingo, 12 de fevereiro de 2006

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HAITI

Resultado de eleição deve sair hoje

FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A PORTO PRÍNCIPE

Pela primeira vez desde o início da apuração, o candidato de centro-esquerda René Préval ficou abaixo dos 50% de votos válidos que lhe assegurariam a vitória no primeiro turno das eleições presidenciais haitianas, realizadas na última terça-feira.
Com 72% dos relatórios de aprovação processados, Préval agora tem 49,61% dos votos válidos, seguido de longe por Leslie Manigat, com 11%, e de "Charlito" Baker, com 8%. A terceira prévia foi dada ontem à noite pelo Conselho Eleitoral Provisório (CEP), que, mais uma vez, pediu desculpas pelo atraso.
O diretor do órgão, Jacques Bernard, disse que o resultado final deve sair hoje e pediu que "as pessoas não saiam às ruas até a divulgação dos resultados finais".
A parcial de ontem mostra uma tendência de queda de Préval à medida que são processados os resultados do interior. Na primeira prévia, com os votos sobretudo de Porto Príncipe, ele tinha 61,5% dos votos válidos. Na segunda prévia, ele já havia baixado para 50,33% dos votos válidos.
Caso Préval não vença no primeiro turno, existe o temor de protestos violentos sobretudo em Cité Soleil, onde o ex-presidente obteve mais de 80% dos votos. A ONU pediu que os haitianos respeitassem os resultados.
O atraso na divulgação do resultado final já provocou uma manifestação pacífica ontem de manhã diante do Palácio Nacional, promovida por moradores das favelas de Cité Soleil e Bel Air, redutos de Préval. Segundo os militares brasileiros, encarregados da segurança na área, o protesto reuniu cerca de 800 pessoas. Na noite de anteontem, também foram registradas na capital outras duas manifestações exigindo que Préval seja declarado vencedor.

Salário atrasado
Os constantes atrasos têm sido provocados também por um tipo de operação tartaruga de parte dos 40 mil funcionários temporários do CEP (Conselho Eleitoral Provisório) devido ao atraso no pagamento dos salários, segundo relatos pelo país.
A Folha visitou na sexta o BED (Escritório Eleitoral Departamental, na sigla em francês), o equivalente ao Tribunal Regional Eleitoral de Porto Príncipe, onde os dois funcionários que aceitaram conversar com a reportagem confirmaram a insatisfação. "Estamos criando muitos problemas ao CEP porque estamos com os salários atrasados", disse o agente de segurança Louis Fritznel, 35.
A insatisfação generalizada levou o CEP a divulgar uma nota aos funcionários na quinta à noite, em que diz que os "pagamentos começarão a ser feitos a partir do dia 15 de fevereiro".
O diretor Bernard, disse que o problema do atraso no pagamento foi resolvido há duas semanas.
Para o chefe da Assistência Eleitoral da ONU, Gérard le Chevallier, os problemas estão ligados ao trâmite dos pagamentos bancários. Ele diz que o pagamento vem da ONU. A comunidade internacional doou cerca de US$ 60 milhões para as eleições; US$ 1 milhão veio do Brasil.


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