|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
HAITI
Resultado de eleição deve sair hoje
FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A PORTO PRÍNCIPE
Pela primeira vez desde o início
da apuração, o candidato de centro-esquerda René Préval ficou
abaixo dos 50% de votos válidos
que lhe assegurariam a vitória no
primeiro turno das eleições presidenciais haitianas, realizadas na
última terça-feira.
Com 72% dos relatórios de
aprovação processados, Préval
agora tem 49,61% dos votos válidos, seguido de longe por Leslie
Manigat, com 11%, e de "Charlito" Baker, com 8%. A terceira prévia foi dada ontem à noite pelo
Conselho Eleitoral Provisório
(CEP), que, mais uma vez, pediu
desculpas pelo atraso.
O diretor do órgão, Jacques Bernard, disse que o resultado final
deve sair hoje e pediu que "as pessoas não saiam às ruas até a divulgação dos resultados finais".
A parcial de ontem mostra uma
tendência de queda de Préval à
medida que são processados os
resultados do interior. Na primeira prévia, com os votos sobretudo
de Porto Príncipe, ele tinha 61,5%
dos votos válidos. Na segunda
prévia, ele já havia baixado para
50,33% dos votos válidos.
Caso Préval não vença no primeiro turno, existe o temor de
protestos violentos sobretudo em
Cité Soleil, onde o ex-presidente
obteve mais de 80% dos votos. A
ONU pediu que os haitianos respeitassem os resultados.
O atraso na divulgação do resultado final já provocou uma manifestação pacífica ontem de manhã
diante do Palácio Nacional, promovida por moradores das favelas de Cité Soleil e Bel Air, redutos
de Préval. Segundo os militares
brasileiros, encarregados da segurança na área, o protesto reuniu
cerca de 800 pessoas. Na noite de
anteontem, também foram registradas na capital outras duas manifestações exigindo que Préval
seja declarado vencedor.
Salário atrasado
Os constantes atrasos têm sido
provocados também por um tipo
de operação tartaruga de parte
dos 40 mil funcionários temporários do CEP (Conselho Eleitoral
Provisório) devido ao atraso no
pagamento dos salários, segundo
relatos pelo país.
A Folha visitou na sexta o BED
(Escritório Eleitoral Departamental, na sigla em francês), o equivalente ao Tribunal Regional Eleitoral de Porto Príncipe, onde os dois
funcionários que aceitaram conversar com a reportagem confirmaram a insatisfação. "Estamos
criando muitos problemas ao
CEP porque estamos com os salários atrasados", disse o agente de
segurança Louis Fritznel, 35.
A insatisfação generalizada levou o CEP a divulgar uma nota
aos funcionários na quinta à noite, em que diz que os "pagamentos começarão a ser feitos a partir
do dia 15 de fevereiro".
O diretor Bernard, disse que o
problema do atraso no pagamento foi resolvido há duas semanas.
Para o chefe da Assistência Eleitoral da ONU, Gérard le Chevallier, os problemas estão ligados
ao trâmite dos pagamentos bancários. Ele diz que o pagamento
vem da ONU. A comunidade internacional doou cerca de US$ 60
milhões para as eleições; US$ 1
milhão veio do Brasil.
Texto Anterior: Saúde: Gripe do frango chega à Europa ocidental Próximo Texto: Europa: Trabalho legal faz de Londres lar polonês Índice
|