São Paulo, segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

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Desinteresse, indecisão e mau tempo explicam alta abstenção

DO ENVIADO ESPECIAL A LISBOA

O mau tempo, a falta de interesse, o excesso de votações, a indecisão sobre o que votar -foram muitas as explicações aventadas ontem pelos portugueses para a abstenção de mais de 56% dos eleitores no referendo sobre o aborto.
O clima -encoberto e com chuvas esparsas- foi considerado por muitos analistas um dos principais culpados, assim como em 1998, sendo que, naquela ocasião, o problema teria sido o tempo bom, que levou às pessoas à praia e aos passeios.
Entre a população nas ruas, as justificativas eram menos prosaicas. "Não me sinto motivada [a votar], estou cansada de política", disse a vendedora Silvia Paixão, justificando sua ausência no referendo.
O grande envolvimento dos partidos políticos na campanha do referendo -que teve direito a horário na TV e comícios- também foi criticada pelo taxista Jaime Lobato, outro que não votou.
"A decisão sobre o aborto é estritamente pessoal, não deveriam clamar às pessoas por serem desse ou daquele partido". Entre os votantes, as opiniões sobre as abstenções foram bem mais críticas.
"Falta consciência cívica e conhecimento do processo eleitoral", afirma a estudante Nancy Tolentino. "Muita gente está em dúvida sobre o que votar, e não sabe que é possível expressar essa dúvida, votando em branco, por exemplo."
"Os portugueses são comodistas", disse o advogado Antonio Rodrigues, sobre seus conterrâneos. "Se você olhar a participação nas eleições, verá que o índice de abstenções é sempre alto."
Alguns políticos justificaram a ausência dos quase 5 milhões de eleitores pela novidade do mecanismo de escolha.
"Os referendos não estão enraizados em nossa cultura", afirmou António Vitorino, ex-deputado e ex-vice-premiê, em entrevista ao canal RTP.
"Mas o que temos de destacar nesse momento é o aumento da participação [em relação ao referendo de 1998]", disse. (MAC)


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