São Paulo, sábado, 12 de fevereiro de 2011

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Chefe de conselho militar é tido como relutante a mudança

Mohamed Hussein Tantawi, que comanda a junta em poder no Egito, é ministro da Defesa desde 1991

Em textos diplomáticos, os EUA descrevem o general como cortês e charmoso, porém preso a antigos paradigmas

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Funcionários do governo dos EUA consideram o presidente do conselho militar do Egito como um aliado que tem o compromisso de evitar nova guerra contra Israel, mas o criticaram em foro privado, no passado, por sua resistência a reformas políticas e econômicas.
Mohamed Hussein Tantawi, 75, presidente do Supremo Conselho Militar que assumiu o poder no Egito após a renúncia do ditador Hosni Mubarak, conversou por telefone com o secretário da Defesa americano, Robert Gates, cinco vezes durante a crise. A última foi na quinta-feira passada.
O relacionamento com o Egito é antigo e importante para Washington, que fornece US$ 1,3 bilhão em assistência militar às Forças Armadas egípcias a cada ano. Funcionários do Departamento da Defesa não revelaram detalhes sobre as conversas entre Tantawi e Gates, mas o secretário elogiou publicamente as Forças Armadas egípcias pelo papel estabilizador que exerceram durante a turbulência. Na terça-feira, Gates declarou que as forças egícias "fizeram sua contribuição para a evolução da democracia".
Mas, reservadamente, funcionários do governo americano classificaram Tantawi como um líder "relutante em mudar", e pouco confortável com a concentração dos EUA no combate ao terrorismo, de acordo com um telegrama de 2008 do Departamento de Estado divulgado pelo site WikiLeaks.
Tantawi serviu em três guerras contra Israel, a começar pela crise do canal de Suez, em 1956, e também nas guerras do Oriente Médio em 1967 e 1973. É ministro da Defesa e chefe das Forças Armadas desde 1991.
O telegrama diz que "ele tem o compromisso de impedir que nova guerra aconteça". Ainda assim, os diplomatas alertaram, antes de uma visita de Tantawi a Washington em 2008, que os deputados americanos deveriam se preparar para receber um ministro "envelhecido e resistente a mudanças". "Charmoso e cortês, ele ainda assim está preso a um paradigma militar pós-Camp David que serviu bem aos interesses estreitos de seu grupo pelas três últimas décadas", afirmava o telegrama, fazendo referência ao acordo de paz entre Egito e Israel.
Washington há muito instava por mudanças no Egito.
Mas o telegrama afirma que Tantawi "se opôs a reformas econômicas e políticas que considera prejudiciais ao poder do governo central".
Durante as manifestações, ele foi nomeado vice-premiê, após Mubarak demitir seu gabinete em uma tentativa fracassada de acalmar os protestos, em 29 de janeiro.
Isso levou a especulações de que ele poderia concorrer à Presidência, embora alguns analistas dissessem que ele tinha apoio limitado entre os militares.


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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