São Paulo, sábado, 12 de fevereiro de 2011

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ENTREVISTA

Para analista, os militares não querem governar

DE WASHINGTON

As chances de democracia no Egito são melhores porque o poder foi para as mãos de um grupo que não quer governar, disse à Folha Andrew Terrill, especialista em Oriente Médio do Instituto de Estudos Estratégicos da Escola de Guerra do Exército dos EUA. Para ele, seria difícil para os militares voltarem atrás na promessa de organizar eleições, e uma permanência prolongada no poder poria em risco relações vitais com os EUA e outros países. (AM)

 

Folha - O que significa a saída de Mubarak?
Andrew Terrill -
Não está claro ainda. Uma coisa é derrubar uma ditadura, outra é construir uma democracia. Há sinais promissores; os militares disseram que vão apoiar eleições livres. Mas o Egito tem uma miríade de problemas econômicos, uma corrupção tremenda, uma população que cresce muito rápido. Esse período vai ser muito difícil para os egípcios.

Passar o poder para os militares era a melhor opção?
Sim. [Os militares] Não querem governar. Querem manter um lugar privilegiado na sociedade, o respeito da população e continuar a investir em seus interesses econômicos, que vão muito além da área militar.
Acho que não vão esperar um ano para fazer eleições. Há muita impaciência entre a população.

O que podemos esperar dos militares no poder com base em períodos anteriores?
Os militares são diferentes hoje. Precisam manter boas relações com os EUA, que os abastecem com armas. Se tentassem ficar além do necessário no poder, isso complicaria suas relações com Washington e com vários países.
E muitos desses oficiais são mais sofisticados que os do passado. Passaram muito tempo no Ocidente.


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