|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ITÁLIA
Para Justiça, mulher com jeans não sofre estupro
do "Corriere della Sera"
Não pode haver violência sexual se a mulher estiver vestindo uma calça jeans. O motivo?
O estuprador não conseguiria
tirar a calça sem a colaboração
ativa da vítima. Deduz-se assim
que a vítima consentiu.
Essas são, em síntese, as motivações dadas pelos juízes da
Corte de Cassação (corte suprema) da Itália para anular a
condenação de um homem
acusado de ter estuprado Rosa,
uma jovem de 18 anos da cidade de Potenza (sul da Itália).
A jovem foi levada a uma estrada remota pelo seu instrutor
de auto-escola, Carmine C., de
45 anos. Naquele dia, ela usava
uma calça jeans.
Segundo os juízes, "é um dado da experiência comum" que
essa calça não pode ser tirada
"nem parcialmente, sem a ativa
colaboração de quem a veste".
E, claro, prosseguem os juízes, é impossível conseguir tirá-la se a vítima se opuser "com
todas as suas forças".
Na segunda parte da sentença, o tribunal diz: "É ilógico
afirmar que uma jovem possa
suportar passivamente um estupro, que é um grave atentado
à pessoa, no temor de sofrer
outros hipotéticos atentados
ainda mais graves à sua integridade física".
Assim, a conclusão é que Rosa concordou. A decisão contraria uma sentença anterior,
que condenou o instrutor italiano a quase três anos de prisão.
Protestos
"A colaboração da vítima não
é suficiente para excluir a violência carnal", afirmou Tiziana
Parenti, ex-presidente da Câmara dos Deputados. "Sob
ameaça, pode-se até tirar a roupa sozinha."
Para a deputada neofascista
Alessandra Mussolini, "a sentença nos faz retroagir 20 anos.
Basta que o estuprador faça sua
vítima vestir um jeans antes de
usar de violência para se safar".
Ela coordenou um protesto
hoje na Câmara dos Deputados. Parlamentares mulheres
de vários partidos compareceram a uma sessão vestindo calça jeans.
Tradução de
Humberto Saccomandi
Texto Anterior: Pós-impeachment: Clinton prepara revanche política Próximo Texto: "É vergonhoso", afirma atriz Índice
|