São Paulo, Sexta-feira, 12 de Fevereiro de 1999
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"Não haverá golpe", diz presidente

ELIANE CANTANHÊDE
Diretora da Sucursal de Brasília

Garantia dada pelo presidente do Paraguai, Raúl Cubas Grau, na conversa de ontem com o presidente Fernando Henrique Cardoso: não haverá golpe de qualquer tipo no seu país.
Conforme a Folha apurou, Cubas disse que fez mudanças significativas nos quadros das Forças Armadas herdados do antecessor e adversário Juan Carlos Wasmosy: "Eu tenho o controle da área militar", disse ele a FHC e ao chanceler Luiz Felipe Lampreia.
Se descartou a possibilidade de sofrer um golpe armado, Cubas igualmente garantiu que não pretende e não vai tentar nenhuma saída golpista contra o Congresso e a Corte Suprema de Justiça, com os quais tem desavenças.
Conforme explicou a seus interlocutores brasileiros, o golpe nem sequer seria necessário. Motivo: apesar de toda a crise política, ele tem maioria no Congresso e no partido hegemônico, o Colorado.
"O presidente Raúl Cubas está plantado na posição dele. A tempestade política não é pouca no Paraguai, mas não há possibilidade de queda iminente", disse Lampreia à Folha, depois do encontro.
O chanceler brasileiro elogiou a entrevista de Raúl Cubas à saída do Palácio do Planalto, quando disse que aceitaria a decisão do Congresso paraguaio, mesmo que fosse pelo impeachment. "Foram declarações serenas", opinou.
O encontro de FHC e do chanceler com Cubas Grau faz parte da ofensiva para pedir calma aos parceiros do Mercosul diante da crise econômica brasileira e dos efeitos da desvalorização do real.
Hoje, FHC estará em Campos do Jordão para um encontro bilateral com Carlos Menem, presidente da Argentina. No último dia 3, recebeu Julio Sanguinetti (Uruguai).
Em relação ao Paraguai, o grande temor dos três outros países do Mercosul é haver um golpe contra ou a favor do governo por causa da prisão do general Lino Oviedo, centro da tensão entre Cubas Grau e os dois outros poderes: o Legislativo e o Judiciário.
Em relação à crise brasileira, o temor geral é de uma onda protecionista em cada um deles contra os produtos do Brasil, o que poria em risco o próprio bloco. A pressão de empresários argentinos, por exemplo, está crescendo.


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