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"Não haverá golpe", diz presidente
ELIANE CANTANHÊDE
Diretora da Sucursal de Brasília
Garantia dada pelo presidente do
Paraguai, Raúl Cubas Grau, na
conversa de ontem com o presidente Fernando Henrique Cardoso: não haverá golpe de qualquer
tipo no seu país.
Conforme a Folha apurou, Cubas disse que fez mudanças significativas nos quadros das Forças Armadas herdados do antecessor e
adversário Juan Carlos Wasmosy:
"Eu tenho o controle da área militar", disse ele a FHC e ao chanceler
Luiz Felipe Lampreia.
Se descartou a possibilidade de
sofrer um golpe armado, Cubas
igualmente garantiu que não pretende e não vai tentar nenhuma
saída golpista contra o Congresso e
a Corte Suprema de Justiça, com os
quais tem desavenças.
Conforme explicou a seus interlocutores brasileiros, o golpe nem
sequer seria necessário. Motivo:
apesar de toda a crise política, ele
tem maioria no Congresso e no
partido hegemônico, o Colorado.
"O presidente Raúl Cubas está
plantado na posição dele. A tempestade política não é pouca no Paraguai, mas não há possibilidade
de queda iminente", disse Lampreia à Folha, depois do encontro.
O chanceler brasileiro elogiou a
entrevista de Raúl Cubas à saída do
Palácio do Planalto, quando disse
que aceitaria a decisão do Congresso paraguaio, mesmo que fosse pelo impeachment. "Foram declarações serenas", opinou.
O encontro de FHC e do chanceler com Cubas Grau faz parte da
ofensiva para pedir calma aos parceiros do Mercosul diante da crise
econômica brasileira e dos efeitos
da desvalorização do real.
Hoje, FHC estará em Campos do
Jordão para um encontro bilateral
com Carlos Menem, presidente da
Argentina. No último dia 3, recebeu Julio Sanguinetti (Uruguai).
Em relação ao Paraguai, o grande
temor dos três outros países do
Mercosul é haver um golpe contra
ou a favor do governo por causa da
prisão do general Lino Oviedo,
centro da tensão entre Cubas Grau
e os dois outros poderes: o Legislativo e o Judiciário.
Em relação à crise brasileira, o temor geral é de uma onda protecionista em cada um deles contra os
produtos do Brasil, o que poria em
risco o próprio bloco. A pressão de
empresários argentinos, por
exemplo, está crescendo.
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