São Paulo, sábado, 12 de março de 2011

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"Fugi para minha casa e a achei destruída"

Professora Marcela Tamura Lima diz que voltará ao Brasil em julho

Tradutor carioca residente em Tóquio se deitou com "roupa de sair" e pôs o passaporte debaixo do travesseiro

SABINE RIGHETTI
JAMES CIMINO

DE SÃO PAULO

"Eu "fugi" para a minha casa e a encontrei praticamente destruída." O relato é da brasileira Marcela Tamura Lima, 37, que mora há sete anos em Tochigi Ken, no Japão central, onde dá aulas de inglês.
Marcela estava na escola onde trabalha quando começou a sentir um tremor por volta das 14h45 (hora local).
Instantes depois, o sistema de alerta da cidade pediu que todos fossem para uma área de refúgio e avisou que a população enfrentaria um terremoto nível 5 de perigo.
"Fomos para o meio do pátio do colégio, que é nossa área de refúgio, e ficamos agachados, esperando. Depois de mais de uma hora, um professor pegou os roupões das crianças, cobertores e jogou para elas. Estava muito frio. Durante três horas, tremeu sem parar."
Somente às 17h é que a administração da cidade anunciou que os pais poderiam buscar as crianças. Só então a professora pôde ir para casa, onde encontrou um cenário desolador.
"A cidade toda estava um caos: os trens e aeroportos pararam, e a maioria das pessoas dessa área está sem comunicação. Estamos sem luz, água, gás e nem o celular esta pegando. Tudo é cortado automaticamente."
Após encontrar sua casa destruída, Marcela seguiu dirigindo em direção a Kanuma, onde se hospedou na casa de uma amiga. "Já passei por outros terremotos no Japão, mas nunca senti tanto medo como desta vez. Planejo voltar em julho ao Brasil."

VESTIDO PARA FUGIR
Em Tóquio, o tradutor carioca Julio Cesar Caruso, 35, conseguiu chegar em casa após enfrentar um engarrafamento de nove horas. Ele mora no Japão há dez anos e, às 4h (hora local), estava em dúvida se dormia ou não.
"Achei que em casa estaria seguro, mas tremeu de novo.
Vou dormir com a roupa de sair e o passaporte debaixo do travesseiro. Nem tenho tanto medo do terremoto quanto tenho de ficar soterrado", disse Caruso à Folha, enquanto um tremor menor ocorria em sua casa.
Ele contou ainda que, ultimamente, os japoneses brincavam que fazia tempo que não tinha terremoto. "A brincadeira perdeu a graça", contou às 5h52, por e-mail. Caruso não conseguiu dormir.

FOLHA.com
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