São Paulo, sábado, 12 de março de 2011

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Tecnologia e precaução minimizam desastres

Ações no Japão para mitigar intensa atividade sísmica vêm do século 19

Construções devem ser "flexíveis" aos tremores em vez de resistir; além disso, crianças e adultos recebem treinamentos

EWERTHON TOBACE
ROBERTO MAXWELL
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
DE TÓQUIO


Num país que tem cerca de 80 vulcões ativos e já registrou mais de 200 tremores de terra em apenas um fim de semana, lidar com estes e outros fenômenos da natureza é questão de sobrevivência.
E é com tecnologia e participação que os japoneses evitam mortes e prejuízos materiais causados por terremotos, tsunamis, tufões e afins.
Desde o século 19, a população local empreende esforços para evitar danos e mortes causadas por terremotos.
As primeiras leis limitavam o tamanho dos prédios, algo que se tornou inviável no pós-guerra, quando o país encontrou o rumo do crescimento industrial. A partir de então, o investimento em tecnologias antiterremotos ganhou impulso no país.
Mas um tremor de magnitude 7,3 que destruiu a cidade de Kobe em 1995 foi o divisor de águas no modo como os japoneses passaram a lidar com a fúria da natureza.
A partir da traumática experiência que deixou quase 6.500 mortos e 300 mil desabrigados, a legislação obrigou os construtores a adotar padrão de construção que considera limites de resistência do prédio a sismos.
Em outras palavras, os prédios deixaram de ser estruturas rígidas e se tornaram mais "flexíveis", chegando visivelmente a balançar durante um terremoto.
O país também investiu em prevenção. Hoje, todo japonês sabe que que estocar água e alimentos para mais de três dias, manter um rádio e lanternas preparados, além de roupa e dinheiro, são os cuidados básicos para sobreviver a uma catástrofe.
Todo ano, os japoneses participam de treinamentos especiais nas escolas, bairros e empresas, para saber como se portar em casos de desastres naturais. Eles aprendem desde crianças a se preparar para o pior, mas esperam que o teste final nunca chegue.
É cedo demais para avaliar a escala da devastação causada pelo tremor de ontem. Mas, ainda que as ondas continuem a varrer a costa, fica evidente que a prontidão japonesa impediu o país de sofrer estragos muito piores.
Como comparação, na Indonésia, que não dispõe da mesma estrutura, o tremor de 9,1 ocorrido no final de 2004 matou mais de 200 mil.
Mesmo assim, se o terremoto não tivesse acontecido tão longe da costa japonesa, os danos ao país teriam sido ainda mais severos, segundo Kanoa Koyanagi, geofísico do Centro de Alerta de Tsunamis do Pacífico, no Havaí.
"Se houvesse acontecido bem sob a cidade, haveria graves problemas", disse.

Com o "Guardian"


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