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EUA querem que Brasil participe da reconstrução
CLÓVIS ROSSI
Enviado especial a Washington
O secretário norte-americano
do Tesouro, John Snow, disse ontem a seu colega brasileiro da Fazenda, Antonio Palocci, que "seria importante" a participação do
Brasil no processo de reconstrução do Iraque. Snow deu a entender que a participação brasileira
independeria do papel que vier a
ser reservado às Nações Unidas
no futuro do Iraque.
A delegação brasileira não respondeu nada, até porque esse tipo
de assunto depende, como é óbvio, de decisão da Presidência da
República. O tema voltará a ser
tratado, com certeza, durante a visita que Snow fará ao Brasil e a
mais dois países sul-americanos
(Equador e Colômbia), a partir do
dia 21, conforme o anúncio oficial
feito ontem pelo Tesouro.
O tipo de papel que a ONU terá
na reconstrução do Iraque é motivo de profundas divergências entre os EUA e, por exemplo, França, Alemanha e Rússia. Washington reserva às Nações Unidas
uma participação secundária, ao
contrário do que querem os outros três países.
O governo brasileiro, por sua
vez, já disse à Folha, por intermédio do chanceler Celso Amorim,
que a ONU não pode ser "uma
grande Cruz Vermelha", ou seja,
não pode se limitar ao trabalho
humanitário. Teria que participar
no processo político de reconstrução institucional do Iraque.
É exatamente a posição ontem
defendida pelo G-24, um grupo
de 24 países em desenvolvimento
de que o Brasil faz parte. Em reunião durante os encontros de primavera (do hemisfério Norte) do
Fundo Monetário Internacional/
Banco Mundial, o G-24 pediu que
a ONU lidere o esforço de reconstrução iraquiana.
Embora o Brasil faça parte do
G-24, o ministro Palocci não participou da reunião de ontem pela
manhã (estava com Snow na hora
em que ocorreu o encontro). Mas
países muçulmanos como Paquistão, Egito, Argélia e Síria estiveram presentes, o que dá mais
uma indicação de que o sentimento entre eles é diferente do
que prevalece nos EUA.
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