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CÚPULA ANTIGUERRA
Chirac, Schröder e Putin dizem que só ONU pode determinar futuro do Iraque
Líderes exigem participação da ONU
DA REDAÇÃO
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse ontem que a
guerra liderada pelos EUA no Iraque era ilegítima e uma ameaça ao
direito internacional, mas afirmou estar satisfeito com a queda
de Saddam Hussein.
Em uma cúpula em São Petersburgo, Putin, o chanceler (premiê) alemão, Gerhard Schröder, e
o presidente da França, Jacques
Chirac, pediram novamente que a
ONU tenha um papel central na
reconstrução do Iraque.
Mas Putin afirmou que a Rússia
estaria disposta a colaborar com
as forças da coalizão anglo-americana, dizendo que Moscou poderia perdoar as dívidas de Bagdá.
Falando em entrevista coletiva
após a reunião, Putin criticou os
EUA por não terem encontrado
armas de destruição em massa no
Iraque, que, segundo ele, era a
única justificativa para a guerra.
"Mesmo no momento mais
agudo de sua luta para sobreviver,
o regime iraquiano não usou esses meios [armas de destruição
em massa]", disse Putin. "Se, no
último momento de sua existência, [o regime] não as usou, isso
significa que elas não existem ou
não estavam em condições de serem usadas. Isso levanta a questão
da plausibilidade dessa ação."
Mais cedo, Putin afirmara estar
satisfeito com o fim do regime de
Saddam, apesar de Moscou sempre ter se oposto à guerra.
"Obviamente, a derrubada de
um regime tirânico foi positiva.
Mas as perdas humanas, a catástrofe humanitária, a destruição,
são todos pontos negativos", disse
Putin em um fórum de políticos e
empresários alemães e russos. Ele
afirmou ainda que o sistema de
direito internacional também havia sido estremecido pela guerra.
"Até 80% dos países do mundo
não satisfazem os padrões democráticos europeus, mas apenas as
populações desses países podem
determinar o seu futuro. O princípio da soberania deveria permanecer inabalável", disse Putin. "E
outra questão é: essas nações estão prontas para a introdução da
democracia?"
Putin, Schröder e Chirac afirmaram mais uma vez que a ONU
deveria agora desempenhar um
papel central no Iraque. "A tarefa
de restaurar o sistema político,
econômico e social do Iraque é
enorme", disse Chirac. "Só a ONU
tem legitimidade para fazer isso."
Schröder afirmou que os detalhes do processo de paz no Iraque
poderiam ser discutidos com a
coalizão anglo-americana, mas
que "precisamos chegar a um
acordo" sobre o papel da ONU.
O presidente dos EUA, George
W. Bush, e o premiê do Reino
Unido, Tony Blair, afirmaram no
início desta semana que a ONU
deveria desempenhar um papel
vital na reconstrução do Iraque,
mas que seu papel específico ainda não havia sido definido.
O subsecretário da Defesa dos
EUA, Paul Wolfowitz, disse no Senado ontem que a ONU "não pode ser a encarregada". Também
sugeriu que a Rússia, a França e a
Alemanha poderiam contribuir
para a reconstrução do Iraque
perdoando as dívidas de Bagdá.
O Iraque deve ao menos US$ 7
bilhões à Rússia em dívidas contraídas durante a era soviética, e
Moscou está tentando proteger
contratos assinados por companhias russas para desenvolver a
indústria petrolífera do Iraque.
Putin disse que Moscou estava
disposta a negociar a dívida. "Algumas pessoas atiraram, algumas
roubaram, e agora alguém tem de
pagar por isso", disse Putin.
Mas Chirac e Schröder disseram que a questão teria de ser decidida no âmbito do Clube de Paris, grupo de países credores.
"Há um certo procedimento no
Clube de Paris. É preciso haver
um governo legítimo que peça o
perdão da dívida", disse Schröder. "Ainda não há um governo
legítimo, então não faz nenhum
sentido discutir essa questão."
Putin disse que a normalização
no Iraque deveria seguir o modelo estabelecido no Afeganistão:
primeiro, deve haver uma conferência internacional sob a ONU;
depois, um governo interino responsável por preparar as eleições;
e, finalmente, as eleições.
"Precisamos fazer tudo para assegurar que o destino do Iraque
seja decidido pela própria população iraquiana", disse Putin.
Chirac indicou que dar à ONU
um papel central teria um significado de longo prazo para a ordem
mundial. "Queremos que esse
mundo seja multipolar e assegurar que cada pólo tome decisões
equilibradas. É por isso que acreditamos que a ONU deve desempenhar um importante papel ."
Com agências internacionais
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