São Paulo, segunda-feira, 12 de abril de 2004

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IRAQUE OCUPADO

Presidente vai a missa em base militar e diz que, se preciso, EUA enviarão mais tropas ao Oriente Médio

Bush diz que semana no Iraque foi "dura"

DA REDAÇÃO

O presidente dos EUA, George W. Bush, disse ontem que as tropas americanas enfrentaram uma "semana dura" no Iraque. Bush fez menção ao número de mortos no confronto e reafirmou que a missão americana é "justa". "Obviamente eu rezo todo dia para que haja menos vítimas, mas sei que o que estamos fazendo no Iraque é certo."
As declarações foram feitas após missa para celebrar a Páscoa na base de Fort Hood (Texas), de onde saíram 12 mil soldados para o Oriente Médio. Pelo menos dez desses morreram nos últimos dias em Sadr City, bairro pobre de Bagdá em que se concentram rebeldes xiitas.
"Foi uma semana dura e meus pensamentos e orações estão com aqueles que pagaram o mais elevado preço pela nossa segurança. Hoje, de joelhos, eu agradeci ao bom Senhor por proteger nossas tropas no exterior, as forças da coalizão e iraquianos inocentes que sofrem com esses assassinatos injustificáveis."
O presidente foi à base com sua mulher, Laura, seus pais, Barbara e George Bush -presidente do país entre 1989 e 1993-, suas duas filhas gêmeas e Condoleezza Rice, assessora de segurança nacional. Depois, Bush se dirigiu a um hospital militar para encontro com soldados feridos que regressaram há pouco do Iraque. Ele encontrou-se com 11 soldados e condecorou dez deles.
Durante a semana passada, 47 soldados americanos morreram no Iraque. As Forças Armadas disseram que 12 americanos morreram nos últimos dois dias. Em Bagdá, os insurgentes derrubaram um helicóptero Apache ontem, matando seus dois ocupantes. Desde o começo da guerra, em 20 de março de 2003, pelo menos 649 militares dos Estados Unidos morreram.
Com uma trégua acontecendo em Fallujah -maior foco da resistência sunita-, Bush declarou que era "difícil dizer" se a violência terminaria em breve. Ressaltando que os soldados americanos eram "bastante fortes", o presidente disse que pode haver soluções alternativas para acabar com os confrontos.
"É claro que estamos abertos a sugestões. Membros do Conselho de Governo Iraquiano queriam uma oportunidade para ir a Fallujah tentar dar um fim à violência. Nossos soldados estão dando a eles essa chance", disse Bush.
O presidente afirmou ter conversado duas vezes nos últimos dias com o general John Abizaid, o comandante das operações no Iraque. "[Ele] sabe muito bem que, se precisar de mais soldados, pode pedir."
Abizaid disse ontem, no programa "Meet the Press", da TV NBC, que há 129 mil soldados americanos no Iraque. O secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, deu a entender recentemente que os comandantes americanos querem manter esse número por mais algum tempo, ao invés de reduzi-lo para 115 mil, como estava anteriormente planejado.
Membros do Congresso, de ambos os partidos, disseram durante a semana passada que a atual onda de violência sugere que é preciso aumentar o número de combatentes. "Está claro que há uma sobrecarga e que a segurança iraquiana ainda não está preparada para fazer frente aos insurgentes", disse o republicano Richard Lugar, presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado.
Alguns políticos, como a senadora republicana Susan Collins, também querem um adiamento na devolução da soberania iraquiana, marcada para 30 de junho, por temer que isso possa levar a uma guerra civil. "Eu não vejo como poderemos transferir o poder em menos de 90 dias quando temos uma situação tão instável", afirmou Collins.
O senador democrata por Delaware Joseph Biden, que defende o envio de mais soldados, disse que o governo precisa pedir o auxílio de outras nações. Segundo Biden, o presidente Jacques Chirac teria lhe dito que a França aceitaria mandar tropas, como parte de uma força da Otan (aliança militar ocidental), se os EUA passassem o comando das operações militares para as Nações Unidas.


Com agências internacionais


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