São Paulo, sábado, 12 de abril de 2008

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Excesso de nanicos pulveriza propostas eleitorais na Itália

Entre os 158 partidos, há até um contra o voto

FÁBIO CHIOSSI
DA REDAÇÃO

Apesar de os holofotes da cobertura de campanha eleitoral estarem concentrados sobre Silvio Berlusconi e Walter Veltroni, que têm chances reais de governar a Itália, há mais 30 candidatos que disputam amanhã e depois o posto de primeiro-ministro italiano.
Algumas agremiações entram na disputa com expectativas bem baixas e propostas bastante específicas. É o caso do partido "Aborto? Não, Obrigado", que tem Giuliano Ferrara como candidato a primeiro-ministro. O nome da legenda explicita a linha de seu programa de governo, que, entre suas seis páginas, tem como diretriz emendar o artigo 3º da Constituição, parágrafo 1º, onde se lê que "todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei". O partido quer complementá-lo com o trecho, após vírgula, "da concepção à morte natural".
Entre as bandeiras específicas está no pleito ainda Sergio Riboldi. Com uma causa nobre, ele é candidato a premiê pelo Meda, partido que se define como "a união moral, espiritual e social dos portadores de deficiência física da Itália e da Europa". Os movimentos autonomistas também têm representação. Além da Liga Norte, coligada ao PDL de Berlusconi, há a Liga Sul e a Nação Sardenha. Esta luta "democraticamente pela soberania do povo sardo e por seu direito à independência"; já a Liga Sul brigará pela "liberação do povo da Ausonia", em referência à tribo que habitou o sul da península itálica até o século 4 a.C.
Os partidos autonomistas multiplicam-se quando se correm os olhos pela lista das 158 legendas registradas no Ministério do Interior para inscrever candidatos ao Parlamento, a maioria dos quais só concorre regionalmente. Não faltam os que querem maior -ou total- independência para sicilianos, vênetos, lombardos etc. Assim como pululam os partidos de esquerda e de direita, os que se definem como moderados e os de inspiração católica. Existem também um pela defesa dos consumidores, um feminista e quatro pelos direitos dos aposentados. Além dos aparentemente menos sérios.
Entre as legendas que mais chamam a atenção há a paradoxal chapa "Io Non Voto" e várias inspiradas no comediante Beppe Grillo, que comanda uma cruzada antipolíticos.
O Partido Internetiano tem sede em Milão e defende o espaço virtual como o único em que todos os cidadãos podem participar em tempo real da dinâmica social e política do país. E o Partido dos Impotentes Existenciais, como explica seu líder, Giuseppe Cirillo, ao jornal "La Repubblica", representa "os cidadãos que não têm força ou coragem para externar sua própria insatisfação pessoal e mau humor".

Papel de peso
Nanicos à parte, há os partidos menores cujos líderes sabem que, mesmo sem chance de se tronarem premiês, podem influenciar o jogo político.
Dois desses líderes são o esquerdista Fausto Bertinotti, da Sinistra L'Arcoballeno, e Pier Ferdinando Casini, da UDC.
Bertinotti, que foi presidente da Câmara sob Romano Prodi, tende a alinhar-se ao PDL na vitória ou na derrota. Já Casini, cujo partido é o herdeiro da democracia cristã que governou a Itália do pós-guerra aos anos 90, não esconde o peso que deve ter. "Somos determinantes no Senado", disse ontem ao "Corriere della Sera".


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