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Obama vai a cúpula "zerar" relação regional
Começando pelo México e culminando na Cúpula das Américas, americano faz nesta semana sua primeira viagem à América Latina
Distante da realidade dos vizinhos, democrata diz vir com a intenção de "ouvir, discutir e lidar com seus colegas como parceiros"
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
A ordem dada aos cerca de
mil integrantes da comitiva que
Barack Obama leva à 5ª Cúpula
das Américas no fim desta semana, em Trinidad e Tobago, é
ouvir. O próprio presidente
norte-americano pretende
aproveitar os quatro encontros
em que estarão apenas os líderes das 34 nações do continente
-Cuba excluída- para se apresentar e falar com o maior número possível deles.
Não há nomes vetados -nem
o venezuelano Hugo Chávez,
que vem mudando para o positivo a retórica em relação ao democrata, nem o boliviano Evo
Morales, que já propôs debandada em massa dos embaixadores da região nos EUA-, assuntos tabu nem pré-requisitos.
"Ele não está indo a Trinidad
com um plano para o hemisfério", disse Jeffrey Davidow em
entrevista coletiva no começo
da semana. "Ele está indo com a
intenção de ouvir, discutir e lidar com seus colegas como parceiros", afirmou o diplomata.
Veterano da região durante os
anos Clinton (1993-2001), Davidow foi convocado pelo novo
governo para ser o assessor especial para essa Cúpula.
A disposição de Obama se insere no espírito de sua política
externa, de "zerar" as relações
mais problemáticas herdadas
de seu antecessor, o republicano George W. Bush. Foi assim,
por exemplo, com a Rússia e o
Irã. Será assim com a América
Latina. Nos próximos dias, devem ser anunciadas medidas
que derrubarão as restrições
que restam para viagens e envio
de dinheiro entre americanos e
seus parentes em Cuba.
Obama sabe que a percepção
que os líderes latino-americanos terão dele passa necessariamente por sua posição em
relação a Cuba. Sabe também
que encontra respaldo em casa
para as medidas.
Segundo pesquisa de opinião
divulgada anteontem pela
CNN, dois terços da população
americana apoiam o fim do embargo econômico imposto ao
regime dos irmãos Castro, e
três quartos são a favor da normalização nas relações entre os
dois países.
Aprendizado
Por fim, o democrata assume
que conhece muito pouco da
região e, por conta da crise econômica, ainda não teve tempo
para se dedicar a ela como prometera na campanha.
A viagem desta semana, que
começa na quinta de manhã pelo México, é a primeira vez que
o americano cruzará a fronteira
sul dos EUA em sua vida.
O cargo de "enviado para as
Américas" -que se reportaria
diretamente ao presidente sem
passar pelo Departamento de
Estado-, prometido por ele em
maio passado, ainda não saiu
do papel.
O virtual escolhido para ser o
número 1 da Chancelaria para o
Hemisfério Ocidental, o acadêmico Arturo Valenzuela, teria
negociado assumir o posto apenas no fim do semestre da universidade de Georgetown, onde
comanda o Centro para Estudos Latino-Americanos.
Além disso, todos os 34 embaixadores da região são remanescentes dos anos Bush, problema que Davidow minimiza.
"Isso tem a ver com o nosso sistema, muito complicado", disse. "Mas é uma questão burocrática, não política."
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