São Paulo, segunda-feira, 12 de abril de 2010

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Combate à URSS marcou formação

DA SUCURSAL DO RIO

Se há algo que irrita Zbigniew Brzezinski é que chamem de fraco o presidente Jimmy Carter, ao qual serviu. Numa carta recente à revista "Foreign Policy", em resposta a artigo que advertia Barack Obama contra a "síndrome de Carter", o estrategista linha-dura faz uma lista do que considera conquistas do democrata, a maioria relacionada ao enfraquecimento do regime soviético.
O combate à URSS deu o norte à carreira de Brzezinski -cujo pai, um diplomata que servia no Canadá durante a Segunda Guerra, decidiu não voltar à Europa depois que a Polônia foi incorporada ao bloco soviético no Acordo de Yalta (1945), que dividiu o continente entre os vencedores do conflito.
Ele, que previu em seu mestrado que os nacionalismos minariam o comunismo, orgulha-se do apoio secreto ao sindicato polonês Solidariedade e do financiamento aos combatentes islâmicos afegãos, iniciado, como revelou em 1998 a "Le Nouvel Observateur", antes mesmo da invasão soviética de 1979.
Questionado se se arrependia de ter dado armas e dinheiro a futuros terroristas, Brzezinski disse: "O que importa mais na história mundial? O Taleban ou o colapso do império soviético? Alguns muçulmanos exaltados ou a liberação da Europa Central e o fim da Guerra Fria?".
Da mesma forma, fez piada quando o presidente George W. Bush declarou que o terror era o maior desafio ideológico do século 21: "Não se declara guerra a um método".
Brzezinski foi crítico ao aumento de tropas no Afeganistão determinado por Obama, e seu ativismo pelo Estado palestino o tornou persona non grata entre os grupos pró-Israel mais conservadores. "É imoral a noção de que podemos provar nossa amizade com Israel matando de fome as pessoas em Gaza", disse.
Para ele, os novos desafios aos EUA passam pela mudança do "eixo de poder" do Atlântico para o Leste Asiático, pelo "despertar político global" e por "problemas comuns como o aquecimento climático, a pobreza e a injustiça". (CA)


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