São Paulo, quarta-feira, 12 de maio de 2004

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Tortura opõe membros do Pentágono

Stephen Jaffe/France Presse
O general Antonio Taguba


DA ASSOCIATED PRESS

O general americano Antonio Taguba, que investigou a tortura de prisioneiros iraquianos, e Stephen Cambone, subsecretário da Defesa, apresentaram ao Senado versões distintas sobre quem comandava a prisão de Abu Ghraib quando ocorreram os abusos e sobre quem foi responsável.
Inicialmente, Taguba disse que os policiais militares agiram incorretamente "por sua própria vontade". Mas senadores perguntaram se soldados de baixa patente poderiam ter criado cenários de humilhação sexual sozinhos.
Taguba disse, então, que houve uma série de erros. "Houve falhas de liderança que se espalharam por toda a hierarquia, houve falta de disciplina, de treinamento e de supervisão. A omissão era desenfreada", afirmou. Ele disse ainda que, quando o controle da prisão foi passado a oficiais da inteligência militar, eles passaram a ter autoridade sobre os policiais que tomavam conta dos presos.
Mas Cambone afirmou que essa informação não era correta e que os policiais militares continuaram sendo responsáveis pelo tratamento dos prisioneiros.
Essa disputa serviu para expor a confusão existente em torno da controvérsia criada pelos abusos. Afinal, os investigadores buscam determinar se a culpa pelos atos de tortura deve ser colocada apenas nos 13 soldados que já receberam uma repreensão formal ou foram indiciados por conta das violações criminais de que participaram ou se ela deve ser estendida aos comandantes militares.
A disputa expôs uma dúvida sobre a visita do general Geoffrey Miller a prisões iraquianas, ocorrida no início de setembro, pouco antes da ocorrência dos abusos.
A dúvida diz respeito a uma ordem de Miller segundo a qual os policiais militares deveriam ter uma ação concreta para "criar condições" para interrogatórios bem-sucedidos. Alguns dos soldados já repreendidos dizem que acreditavam que estivessem cumprindo ordens dos oficiais do serviço de inteligência militar, que queriam que os presos fossem "mais ativos" nos interrogatórios.
Cambone afirmou ao comitê que Miller quisera dizer que os policiais militares deveriam "colaborar" com os soldados do serviço de inteligência que faziam os interrogatórios. Mas Taguba disse que a ordem de Miller fora uma violação às regras do Exército.
O general William Boykin, um cristão evangélico que está sendo investigado por ter dito que seu Deus é superior ao dos muçulmanos, também estaria envolvido na controvérsia sobre os abusos impostos aos presos. Ele teria dito a um alto funcionário do Pentágono como investigadores militares poderiam obter mais informações durante interrogatórios.


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