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Chávez acusa Uribe de buscar guerra
Após Bogotá vazar supostos documentos que insinuam laço seu com as Farc, venezuelano volta a subir o tom contra colombiano
Textos, cuja autenticidade Interpol comentará nesta quinta, foram passados para a imprensa e viriam de computador de Raúl Reyes
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
Depois de dois meses de trégua, o presidente venezuelano,
Hugo Chávez, voltou ontem a
criticar duramente o colega colombiano, Álvaro Uribe, acusando-o de buscar "uma guerra
entre nós". Os ataques são uma
reação à divulgação de mais supostos documentos vinculando
o governo venezuelano às Farc
(Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e devem esquentar o ambiente da cúpula
América Latina-Europa, com
início nesta sexta, em Lima.
"Você é um irresponsável,
um tremendo irresponsável",
disse Chávez aos gritos, durante seu programa dominical,
"Alô, Presidente". "Não sei como um irresponsável como esse é presidente de um país. Um
embusteiro, é um embusteiro,
(...) manipulador." Depois, chamou Uribe de "mentiroso", assassino" e "narcoparamilitar".
O presidente venezuelano
acusou mais uma vez os governos de Bogotá e Washington de
inventar os supostos documentos encontrados no computador do líder guerrilheiro Raúl
Reyes, morto por um ataque
colombiano em território
equatoriano em 1º de março último. "O computador se chama
George W. Uribe", gracejou.
Chávez disse ainda que "a Interpol [polícia internacional
com 186 países-membros] prepara um show" na próxima
quinta-feira -um dia antes da
Cúpula de Lima-, quando promete deve divulgar sua análise
sobre a veracidade dos documentos atribuídos a Reyes.
As declarações de Chávez enterram a frágil trégua com Uribe acordada durante a cúpula
da República Dominicana, em 7
de março, dias após a morte de
Reyes -o que havia provocado
o rompimento das relações de
Caracas e de Quito com Bogotá.
"O presidente Correa tem razão de não ter restabelecido as
relações apesar do que ocorreu.
É preciso lembrar como Correa
deu a mão a Uribe: com um
olhar que eu disse: "Vai dar um
gancho de esquerda". Mas não,
pois Correa é um cavalheiro."
Apesar de acusar novamente
Uribe de "provocar uma guerra
entre nós", Chávez não anunciou o rompimento das relações com Colômbia nem o envio de tropas à fronteira, como
fizera em março.
Sobre as novas revelações
atribuídas ao computador de
Reyes, o presidente venezuelano demonstrou irritação com
uma reportagem publicada ontem pela revista colombiana
"Semana". Baseada em documentos supostamente encontrados nos computadores de
Reyes, o texto diz que Chávez
ocultou a autoria de um massacre de seis pessoas realizado
pelas Farc em setembro de
2004, dentro da Venezuela.
"Assim que os militares me
informaram de que havia provas de que foi a guerrilha (...),
enviei uma mensagem à guerrilha: que deixasse o território
venezuelano. E essa mensagem
se mantém", disse Chávez, sobre o ataque, que matou cinco
militares da Guarda Nacional e
uma engenheira da estatal petroleira PDVSA. O presidente
venezuelano também negou a
acusação feita pelo ministro da
Defesa colombiano, Juan Manuel Santos, de que o líder das
Farc Ivan Márquez está escondido no país.
Lula e Merkel
Por outro lado, Chávez não
poupou elogios ao presidente
Lula ao mencionar em entrevista recente do colega à publicação alemã "Der Spiegel", na
qual disse disse que ele "é o melhor presidente da Venezuela
dos últimos cem anos". A declaração tem sido usada à exaustão pela mídia estatal. "Nunca
vou brigar com Lula, nem ele
comigo", disse Chávez.
Já a chanceler alemã, Angela
Merkel, também atraiu a ira de
Chávez depois de exortar a
América Latina a isolar Caracas. Chávez disse que Merkel é
da mesma direita "que apoiou
Hitler" e completou: "Vá à....",
sem dizer a palavra "merda".
"Como você é uma dama, eu já
não digo mais nada."
Os dois também devem se
encontrar na Cúpula de Lima,
embora Chávez não tenha confirmado presença. "Não sei se
vou. Dizem para ir e depois ficar calado. "Por que não se cala'? Não nos calaremos", afirmou, em alusão ao incidente do
ano espanhol com o rei Juan
Carlos, da Espanha, a quem recomendou não ir ao Peru.
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