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Aos 60 anos, o Exército de Israel quer ser menor e mais tecnológico
Foco das ações muda da guerra convencional para o combate a guerrilhas
MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A TEL AVIV
Um Exército menor e mais
tecnológico. Para analistas militares, esse é o caminho que Israel, ao completar 60 anos, tende a trilhar daqui para frente,
deslocando cada vez mais o foco da guerra convencional entre Estados para o combate
com guerrilhas, principalmente a palestina Hamas e a libanesa Hizbollah.
Israel continua entre os dez
países com maiores gastos militares do mundo, mas a fatia de
seu PIB (Produto Interno Bruto) usada na defesa é quase quatro vezes menor que há 35 anos
-e está em declínio. O bom desempenho da economia, que
nos últimos quatro anos cresceu acima de 5% ao ano, permitiu ao governo manter o alto investimento nas Forças Armadas, e ao mesmo tempo reduzir
seu peso no orçamento.
Mal recuperado dos arranhões em sua reputação causados pelos poucos resultados obtidos na guerra contra o Hizbollah, em 2006, o Exército mais
poderoso do Oriente Médio repensa sua estratégia, enquanto
tenta conter o número crescente de pedidos de dispensa do
serviço militar.
Nos últimos 20 anos os casos
de jovens israelenses que conseguem escapar do serviço militar obrigatório de três anos
(dois para mulheres) cresceu
de 20% para 27%. A maioria é
de judeus ortodoxos, que têm o
direito de trocar o Exército pela
"yeshiva" (escola religiosa).
Deserções
O segundo principal motivo é
o médico, mas muitos usam
"problemas psicológicos" para
encobrir razões ideológicas.
Fontes do Exército estimam
que metade deles seria na verdade de desertores.
As deserções e dispensas
concentram o ônus sobre parte
da população. A estatísticas da
Guerra do Líbano mostram que
o número de religiosos sionistas e membros de kibutzim
(cooperativas), históricos alicerces do sionismo, foi desproporcionalmente alto entre as
baixas israelenses.
Para o veterano analista militar Uzi Eilam, o crescente número de dispensas não chega a
preocupar, mesmo que o nível
de engajamento seja bem menor do que era quando ele se
alistou, nos anos 50. "Os tempos são outros, as ameaças ao
Estado são menores, mas a
maioria dos jovens continua
bastante motivada", diz ele.
Ao assinar o acordo de paz
com o Egito, em 1979, Israel pôde reduzir significativamente
seus gastos militares. Por outro
lado, eles ficaram mais caros.
"Israel utiliza as tecnologias
mais avançadas do mundo em
seu Exército e elas custam muito dinheiro", diz Shmuel Even,
especialista em economia militar do Instituto de Estudos de
Segurança da Universidade de
Tel Aviv.
O fato de a ameaça imediata a
Israel hoje vir de grupos armados e não de Exércitos regulares, como no passado, altera a
estratégia do país e também encarece suas operações militares. "As ações têm alvos cada
vez mais específicos, o que exige planejamento e tecnologias
especiais para serem bem-sucedidas sem atingir populações
civis", diz Even.
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