São Paulo, terça-feira, 12 de maio de 2009

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Paquistão alardeia sucesso contra Taleban

DA REDAÇÃO

Com 700 combatentes mortos na ofensiva militar, o Taleban está em fuga no vale do Swat e nos distritos vizinhos, diz o governo paquistanês. O ministro do Interior, Rehman Malik, anunciou ontem avanços dos militares na área, próxima à capital, Islamabad.
A população local também está em fuga, obrigada a deixar a zona conflagrada. Mais de 360 mil se registraram com autoridades desde o dia 2 de maio, unido-se a outros 500 mil deslocados pelo conflito desde agosto. A agência da ONU para refugiados anunciou a criação de uma ponte aérea emergencial para ajuda humanitária.
Lidar com o fluxo de refugiados, reconstruir estruturas destruídas e manter um aparato de segurança pós-conflito são os principais desafios para consolidar a vitória inicial na região, avalia o estrategista militar Stephen Biddle, especialista em Paquistão do Council of Foreign Relations.
"O grande problema até agora é que o Exército paquistanês expulsa os insurgentes com muita violência, provocando grandes danos às instalações civis, e depois abandona a área. A insurgência então retorna", disse Biddle à Folha.
Para o analista, a falta de uma política permanente de defesa da população corrói as vitórias militares pontuais contra os insurgentes islâmicos no cinturão tribal paquistanês, estratégico para a estabilização do vizinho Afeganistão.

Entre a Índia e o Taleban
A rivalidade com a Índia drena os recursos do Exército do Paquistão e molda a política de segurança, facilitando a infiltração de radicais islâmicos, critica Biddle. Mas a agressividade do Taleban contra alvos paquistaneses vem mudando essa tendência.
"A deterioração da segurança voltou as atenções do país para os extremistas. Há um maior compromisso do governo e dos militares com o combate à insurgência interna, embora as ações encontrem resistência de alguns setores do Exército."
"É incerto como esse esforço se converterá em ação prática", ressalvou o analista. "Ainda não sabemos se essa mudança de atitude de Islamabad será rápida o suficiente para sufocar a insurgência."
O analista defende a adoção de táticas tradicionais de contrainsurgência, com presença militar constante e fortalecimento de serviços públicos. "Idealmente, isso seria acompanhado por estímulo econômico e reformas que fortalecessem a influência do público local nas políticas federais."
A tática americana de bombardear radicais em solo paquistanês, desestabilizadora para o governo aliado em Islamabad, deveria ser reduzida ao "mínimo necessário", afirma o analista, que lecionou na Escola de Estudos Estratégicos do Exército dos EUA.
Estabelecer esse "nível mínimo" é um cálculo delicado, que envolve informações sigilosas, ressalvou Biddle. Apesar das críticas públicas, a anuência de Islamabad sugere o que Paquistão também considera os bombardeios necessários.
"Evitar a queda do governo paquistanês é o principal interesse Ocidental", afirmou o analista. "Mas é preciso manter um distanciamento, evitar sugerir ao presidente Asif Ali Zardari que o apoio é incondicional." (CLARA FAGUNDES)

Com agências internacionais



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