São Paulo, quinta-feira, 12 de maio de 2011

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Dossiê sobre Farc se transforma em tema de campanha no Peru

Humala recebeu dinheiro de Chávez, segundo arquivo da guerrilha; candidato peruano nega

FLÁVIA MARREIRO
DE CARACAS

Sem repercussão maciça na Venezuela ou na Colômbia, o estudo do britânico Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS, na sigla em inglês) sobre arquivos das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) lançado anteontem acabou se tornando o tema do dia na acirrada campanha presidencial peruana, a menos de um mês do segundo turno, em 5 de junho.
O livro do IISS traz uma comunicação na qual o então número 2 das Farc, Raúl Reyes, comenta em 2006 que o governo Hugo Chávez havia "investido recursos na campanha" à Presidência do candidato nacionalista Ollanta Humala, naquele ano.
A declaração foi feita ao jornal "Perú 21" por James Lockhart Smith, um dos analistas do informe que teve como base os arquivos de Reyes, morto em 2008. Mais uma vez candidato, Humala voltou a negar ter recebido dinheiro de Chávez.
"É totalmente falso. Isso jamais ocorreu e não permitiríamos. O que os jornais buscam é semear o medo, mas a esperança vai vencer o medo", disse o candidato que, em busca do eleitorado moderado, se esforça para se vincular a Lula -a frase "a esperança vai vencer o medo" é de autoria do brasileiro.
Os assessores de Humala disseram se tratar de uma estratégia "fujimorista", numa referência à sua opositora na corrida pela Presidência, Keiko Fujimori, filha do ex-presidente Alberto Fujimori.
Keiko apareceu ontem, pela primeira vez, com uma pequena vantagem sobre Humala na pesquisa divulgada pela empresa Ipsos Apoyo (41% x 39%). Outros levantamentos recentes dão o esquerdista na dianteira, também por pequena margem.
Ontem, o presidente do Equador, Rafael Correa, voltou a negar ter recebido contribuição de campanha das Farc, outra informação contida no estudo do IISS.
"Jamais aceitaria 20 centavos de uma organização dessa natureza", disse Correa. "Se alguém em nome da campanha pediu dinheiro, as Farc foram enganadas."
Um dos dois grandes jornais da Venezuela, o "El Nacional", fez do dossiê o principal tema da edição de ontem, destacando o suposto pedido do governo Chávez para que as Farc executassem opositores. O tema, porém, não provocou declarações da oposição ontem.


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