São Paulo, segunda-feira, 12 de junho de 2006

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Al Qaeda no Iraque quer ataques de larga escala

Após morte de Zarqawi, dirigentes prometem "fazer tremer o inimigo"

Na tentativa de promover uma "conciliação nacional", o novo premiê iraquiano liberta segundo grupo de prisioneiros de Abu Ghraib


DA REDAÇÃO

O grupo terrorista Al Qaeda no Iraque afirmou ontem que vai realizar novos ataques de "fazer tremer o inimigo". A declaração, que ocorre logo após a morte do líder da organização, Abu Musab al Zarqawi, num bombardeio americano, reforça os temores de que o desaparecimento de Zarqawi terá pouco impacto sobre a violência no Iraque.
O grupo afirmou, por meio de uma declaração na internet, que seu corpo dirigente reuniu-se após a morte de Zarqawi para discutir estratégias e renovar sua lealdade ao líder máximo da Al Qaeda, Osama bin Laden. "Planejamos operações de grande escala que vão fazer tremer o inimigo e lhe roubar o sono, em coordenação com as outras facções do Conselho Mujahidin", diz a declaração.
Já a Al Qaeda da Arábia Saudita emitiu comunicado através da internet em que faz elogios a Al Zarqawi e afirma que seu "martírio" dará novo ímpeto à "guerra santa no lugar de nascimento do islã".
O presidente dos EUA, George W. Bush, e membros do governo iraquiano saudaram a morte de Zarqawi como uma grande vitória na luta contra o terrorismo. Mas ninguém espera uma redução drástica da violência no Iraque. Insurgentes sunitas movem uma campanha de ataques a bomba e tiroteios para derrubar o governo xiita apoiado por Washington.

Violência
Insurgentes mataram ontem três soldados iraquianos numa base militar no deserto, na Província de Anbar. Além desse ataque, a polícia encontrou o corpo decapitado de um soldado iraquiano num rio perto da cidade de Tikrit e uma bomba colocada às margens de uma rodovia feriu seriamente um comandante da polícia no norte de Bagdá. O policial que dirigia o veículo morreu. Um carro-bomba matou quatro e feriu nove em Bagdá.

Reconciliação
O novo premiê iraquiano, Nouri al Maliki, diz ter esperanças de que o governo de unidade nacional do qual participam árabes xiitas, árabes sunitas e curdos consiga pôr fim aos ataques e acabar com a violência sectária que quase lançou o país numa guerra civil.
Ele anunciou na semana passada que mais de 2.000 prisioneiros seriam libertados de campos norte-americanos e de prisões iraquianas para tentar promover a reconciliação nacional. O segundo grupo de prisioneiros foi libertado ontem. Na semana passada, 600 haviam sido soltos.
Alguns com cópias do Alcorão, outros carregando seus tapetes de orações, mais de 150 prisioneiros deixaram ontem a prisão de Abu Ghraib, nos arredores de Bagdá.
"Eu fui a um funeral e terminei aqui", diz Awad Jassim Mohammad, com cerca de 60 anos, que diz ter sido preso no dia 30 de junho de 2004.
A maioria dos detidos é sunita, o grupo dominante sob o regime do ex-ditador Saddam Hussein (1979-2003) e que forma o grosso da insurgência.

Política
O governo de maioria xiita liderado por Maliki pretende atrair os sunitas para o campo da política. A maior dificuldade será desmobilizar as milícias ligadas a partidos políticos, inclusive à sua Aliança Xiita.
Al Maliki pretende incluir as milícias nas forças de segurança. Mas o chefe da inteligência iraquiana, entre outros, discorda. Afirma que isso apenas forneceria aos bandos armados cobertura oficial para seguir implementando sua agenda. "A solução seria reabilitar os membros das milícias para atuar em serviços civis", disse o general Mohammed al Shahwani ao jornal "Azzaman".


Com agências internacionais


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