São Paulo, sábado, 12 de junho de 2010

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Venezuela ordena prisão de dono de TV

Presidente da Globovisión, que faz oposição a Chávez, é acusado de formação de quadrilha e usura genérica

Guillermo Zuloaga já havia sido detido em março sob a acusação de "vilipendiar" presidente em evento em Aruba


Fernando Llano - 4.jun.09/Associated Press


Opresidente da Globovisíon, Guillermo Zuloaga, acusado de ocultar veículos para promover especulação de preços FLÁVIA CARACAS
DE CARACAS

A Justiça da Venezuela ordenou ontem a prisão de Guillermo Zuloaga, presidente do canal de TV Globovisión, crítico do governo Hugo Chávez, e do filho do empresário, Guillermo Zuloaga Siso, ambos acusados de "usura genérica" e "formação de quadrilha" por suposta ocultação de veículos para promover especulação de preços.
Nenhum dos dois havia sido preso até o fechamento desta edição, informou na TV estatal a procuradora-geral da Venezuela, Luisa Ortega.
Ontem à noite, agentes dos Sebin (Serviços Bolivarianos de Inteligência) foram até a casa do empresário, em Caracas, com as ordens de prisão em mãos. Nem o empresário nem o filho estavam na residência.
Em 26 de março, Zuloaga foi detido por cerca de oito horas acusado de "vilipendiar" o presidente Hugo Chávez em declarações feitas em um evento da SIP (Sociedade Interamericana de Imprensa), em Aruba.
Ele foi impedido de deixar o país, mas responde a esse processo em liberdade.
A ordem de detenção contra o empresário vinculada à ação sobre ocultação de veículos, aberta em maio de 2009, ocorre dias após o presidente venezuelano ter mencionado publicamente os processos contra Zuloaga.
Em cadeia obrigatória de rádio e TV, no dia 3, Chávez afirmou que apenas na Venezuela um empresário poderia acusar um presidente de ordenar assassinatos sem que nada lhe acontecesse.
O mandatário venezuelano referia-se às declarações de Zuloaga no evento da SIP, quando supostamente atribuiu a Chávez a culpa pela violência e mortes ocorridas durante a tentativa de golpe fracassada contra o presidente, em 2002. A Globovisión e outros canais privados de TV apoiaram o golpe.
Ontem à noite, a SIP condenou a ordem de prisão contra o presidente da TV.
À Folha a advogada Rocío San Miguel, diretora da ONG venezuelana Controle Cidadão, afirmou que a ação seguia "um padrão intimidatório". "O governo busca enviar uma mensagem a seus críticos às vésperas de um processo eleitoral", disse, em referência às eleições legislativas de setembro.
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos, ligada à OEA (Organização dos Estados Americanos), já apontou, em diferentes relatórios, preocupação pela suposta falta de independência do Judiciário na Venezuela.
O ex-candidato a presidente Oswaldo Alvarez Paz passou várias semanas na prisão após acusar Chávez de ter ligações com a guerrilha colombiana. A ONU também critica a prisão, desde dezembro, da juíza Maria Lourdes Afiuni, acusada de corrupção por soltar um banqueiro acusado de fraude.


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