São Paulo, terça-feira, 12 de julho de 2005

Próximo Texto | Índice

TERROR EM LONDRES

Bush e comissário-chefe da polícia britânica dão declarações similares; número de mortos sobe para 52

Blair promete caçada "vigorosa" a terroristas

ÉRICA FRAGA
DE LONDRES

O premiê britânico, Tony Blair, prometeu ontem uma das mais "vigorosas e intensas" caçadas aos autores dos atentados da última quinta-feira. Blair afirmou também que o governo poderá acelerar o processo de adoção de novas leis de combate ao terrorismo para prevenir novos ataques.
"Eu posso dizer que [a investigação] está entre as mais vigorosas e intensas que o país já viu. Nós vamos perseguir os responsáveis, não apenas os autores, mas os planejadores desse ultraje, onde quer que eles estejam e não vamos descansar até que eles sejam identificados e levados à Justiça."
Pouco depois do discurso de Blair na Câmara dos Comuns, o comissário-chefe da polícia britânica, Ian Blair, fez declarações similares. O número de mortos nos atentados já chega a 52 e, segundo a polícia, aumentará.
Conforme as primeiras vítimas começaram a ser identificadas, o premiê deu a entender que o número de mortos poderá ultrapassar os 70. Segundo ele, 74 famílias estão, atualmente, recebendo apoio do governo.
As leis antiterror britânicas -já consideradas duras- deverão ser reforçadas. Blair disse que o governo consultará a polícia e as agências de inteligência a fim de identificar se precisam de "novos poderes" para poder impedir outros ataques. Ele também voltou a sugerir que os autores dos atentados provavelmente sejam "terroristas extremistas e islâmicos".
Essa foi a única pista das investigação que o premiê deu aos parlamentares, aproveitando, no entanto, para mandar uma mensagem de apoio à comunidade muçulmana que vive no Reino Unido, da qual se disse orgulhoso.
Os dois líderes da oposição, Michael Howard, do Partido Conservador, e Charles Kennedy, do Partido Liberal Democrata, declararam solidariedade a Blair. Outra mensagem de apoio veio do presidente americano, George W. Bush, que também falou em combate feroz ao "inimigo".
"As pessoas que explodiram metrôs e ônibus não são pessoas com as quais se possa negociar. Ante tais adversários, há apenas uma maneira de atuar. Continuaremos combatendo o inimigo até que seja derrotado", disse Bush.
Kennedy, o líder dos liberais democratas, sugeriu que o governo estude uma proposta de seu partido sobre combate ao terrorismo. Já Howard sugeriu uma "análise sóbria dos sistemas que colocamos em prática para lidar com a ameaça terrorista".
Blair, no entanto, voltou a afirmar que não havia nada que o serviço de segurança pudesse ter feito para impedir os atentados.
"Por natureza, pessoas que são suficientemente covardes para matar civis totalmente inocentes dessa forma são difíceis de deter. Mas nossos serviços [de inteligência] e a polícia fazem um trabalho heróico pelo país cotidianamente", afirmou o premiê.

Volta ao normal
A vida nas ruas de Londres já havia voltado, quase totalmente, ao normal. Metrôs e ônibus lotados, lojas e escritórios abertos. O único tom de anormalidade era dado pelas ações da polícia -que chegou a isolar a área da residência de Blair- e pela enorme concentração de jornalistas nas áreas em que ocorreram os atentados. Até agora, os alertas de segurança que vêm ocorrendo têm se provado infundados.
O prefeito de Londres, Ken Livingstone, voltou a incentivar a população londrina a seguir em frente -sem mudar seu modo de vida. Para dar o exemplo, ele pegou o metrô de manhã para trabalhar, como de costume.
"Nós vamos trabalhar. Vamos seguir com nossas vidas. Não deixaremos um pequeno grupo de terroristas mudar a forma como vivemos", disse Livingstone.
Blair confirmou que, na próxima quinta-feira, serão feitos dois minutos de silêncio em respeito às vítimas dos atentados e que também será marcada, em consulta com as famílias dos que morreram nos ataques, uma missa que terá a participação da rainha Elizabeth 2ª.


Próximo Texto: Itália propõe endurecer leis de segurança
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.