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TERROR EM LONDRES
Bush e comissário-chefe da polícia britânica dão declarações similares; número de mortos sobe para 52
Blair promete caçada "vigorosa" a terroristas
ÉRICA FRAGA
DE LONDRES
O premiê britânico, Tony Blair,
prometeu ontem uma das mais
"vigorosas e intensas" caçadas aos
autores dos atentados da última
quinta-feira. Blair afirmou também que o governo poderá acelerar o processo de adoção de novas
leis de combate ao terrorismo para prevenir novos ataques.
"Eu posso dizer que [a investigação] está entre as mais vigorosas e intensas que o país já viu.
Nós vamos perseguir os responsáveis, não apenas os autores, mas
os planejadores desse ultraje, onde quer que eles estejam e não vamos descansar até que eles sejam
identificados e levados à Justiça."
Pouco depois do discurso de
Blair na Câmara dos Comuns, o
comissário-chefe da polícia britânica, Ian Blair, fez declarações similares. O número de mortos nos
atentados já chega a 52 e, segundo
a polícia, aumentará.
Conforme as primeiras vítimas
começaram a ser identificadas, o
premiê deu a entender que o número de mortos poderá ultrapassar os 70. Segundo ele, 74 famílias
estão, atualmente, recebendo
apoio do governo.
As leis antiterror britânicas -já
consideradas duras- deverão ser
reforçadas. Blair disse que o governo consultará a polícia e as
agências de inteligência a fim de
identificar se precisam de "novos
poderes" para poder impedir outros ataques. Ele também voltou a
sugerir que os autores dos atentados provavelmente sejam "terroristas extremistas e islâmicos".
Essa foi a única pista das investigação que o premiê deu aos parlamentares, aproveitando, no entanto, para mandar uma mensagem de apoio à comunidade muçulmana que vive no Reino Unido, da qual se disse orgulhoso.
Os dois líderes da oposição, Michael Howard, do Partido Conservador, e Charles Kennedy, do
Partido Liberal Democrata, declararam solidariedade a Blair. Outra
mensagem de apoio veio do presidente americano, George W.
Bush, que também falou em combate feroz ao "inimigo".
"As pessoas que explodiram
metrôs e ônibus não são pessoas
com as quais se possa negociar.
Ante tais adversários, há apenas
uma maneira de atuar. Continuaremos combatendo o inimigo até
que seja derrotado", disse Bush.
Kennedy, o líder dos liberais democratas, sugeriu que o governo
estude uma proposta de seu partido sobre combate ao terrorismo.
Já Howard sugeriu uma "análise
sóbria dos sistemas que colocamos em prática para lidar com a
ameaça terrorista".
Blair, no entanto, voltou a afirmar que não havia nada que o serviço de segurança pudesse ter feito para impedir os atentados.
"Por natureza, pessoas que são
suficientemente covardes para
matar civis totalmente inocentes
dessa forma são difíceis de deter.
Mas nossos serviços [de inteligência] e a polícia fazem um trabalho
heróico pelo país cotidianamente", afirmou o premiê.
Volta ao normal
A vida nas ruas de Londres já
havia voltado, quase totalmente,
ao normal. Metrôs e ônibus lotados, lojas e escritórios abertos. O
único tom de anormalidade era
dado pelas ações da polícia -que
chegou a isolar a área da residência de Blair- e pela enorme concentração de jornalistas nas áreas
em que ocorreram os atentados.
Até agora, os alertas de segurança
que vêm ocorrendo têm se provado infundados.
O prefeito de Londres, Ken Livingstone, voltou a incentivar a
população londrina a seguir em
frente -sem mudar seu modo de
vida. Para dar o exemplo, ele pegou o metrô de manhã para trabalhar, como de costume.
"Nós vamos trabalhar. Vamos
seguir com nossas vidas. Não deixaremos um pequeno grupo de
terroristas mudar a forma como
vivemos", disse Livingstone.
Blair confirmou que, na próxima quinta-feira, serão feitos dois
minutos de silêncio em respeito
às vítimas dos atentados e que
também será marcada, em consulta com as famílias dos que
morreram nos ataques, uma missa que terá a participação da rainha Elizabeth 2ª.
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