São Paulo, quinta-feira, 12 de julho de 2007

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Mortos em mesquita podem somar 286

Conta é de agência, que cita inteligência paquistanesa; governo admite 73 mortos, mas apagão de informação dificulta contagem

Mesquita Vermelha sediava motim islâmico que queria impor ao país um regime de intolerância religiosa; chefe do grupo já foi enterrado

DA REDAÇÃO

O Exército do Paquistão assumiu ontem o controle integral do que agora são as ruínas da Mesquita Vermelha, mas são ainda imprecisas as informações sobre o número de vítimas da operação que anteontem neutralizou a sede do radicalismo islâmico em Islamabad. A agência espanhola Efe diz que, segundo os serviços de inteligência, 286 cadáveres foram retirados dos escombros.
O general Waheed Arshad, porta-voz do Exército, disse que eram 73 os corpos recolhidos. Segundo ele, nenhum era de mulher ou criança.
Segundo outros informantes, desde a madrugada de terça-feira, quando os militares tomaram de assalto o local, morreram 125 estudantes de uma escola islâmica adjacente e mais 70 integristas armados. Com os nove militares mortos e mais os 24 civis ao longo de uma semana de atritos, essa estimativa daria no mínimo 228.
Como indício de que a cifra pode ser bem maior, a Associated Press relata o caso de uma centena de pais que perambula por Islamabad atrás de notícias ou dos cadáveres de seus filhos. Jan Mohammed, 42, está sem notícias de Mohammed Kahn, que não se encontrava entre os que escaparam em meio à batalha campal de anteontem.
A versão oficial é a de que 86 homens, mulheres e crianças, mantidos como reféns pelos rebeldes, conseguiram escapar em bloco na manhã de terça.
A mesquita havia se transformado no centro de operações de uma ala integrista do islamismo paquistanês interessada em instituir no país um regime religioso estrito. Desde janeiro comandos formados pelos clérigos atacavam em Islamabad livrarias com publicações ocidentais e seqüestravam supostas prostitutas.

Protestos em Peshawar
O projeto do grupo era o de instalar um regime pró-Al Qaeda idêntico ao que vigorou até 2001 no Afeganistão. As primeiras manifestações de protesto contra a operação militar foram registradas em Peshawar, próxima à fronteira afegã e base dos insurgentes do Taleban contra contingentes ocidentais no Afeganistão. "Morte ao ditador", gritavam cerca de 500 manifestantes.
Em Islamabad, os jornalistas e as entidades de direitos humanos continuam proibidos de entrar nos escombros da mesquita. O Exército diz que ainda existiriam armadilhas ou explosivos armazenados. Também foi dificultado o acesso aos necrotérios de hospitais.
O ditador Pervez Musharraf participou ontem do sepultamento dos militares mortos. Todos pertencem ao Grupo de Serviços Especiais do Exército, unidade que ele chegou a comandar antes do golpe de Estado que o levou ao poder em 1999.
O corpo do líder dos insurgentes, Abdul Rashid Ghazi, foi transportado por helicóptero até o vilarejo em que nasceu, Dasti Abdullah, 650 km ao sul de Islamabad.
Ghazi queria ser enterrado na capital, ao lado de seu pai, fundador da Mesquita Vermelha. Mas o governo temia que seu túmulo virasse local de peregrinação.


Com agências internacionais


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