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Mortos em mesquita podem somar 286
Conta é de agência, que cita inteligência paquistanesa; governo admite 73 mortos, mas apagão de informação dificulta contagem
Mesquita Vermelha sediava
motim islâmico que queria
impor ao país um regime de
intolerância religiosa; chefe
do grupo já foi enterrado
DA REDAÇÃO
O Exército do Paquistão assumiu ontem o controle integral do que agora são as ruínas
da Mesquita Vermelha, mas
são ainda imprecisas as informações sobre o número de vítimas da operação que anteontem neutralizou a sede do radicalismo islâmico em Islamabad. A agência espanhola Efe
diz que, segundo os serviços de
inteligência, 286 cadáveres foram retirados dos escombros.
O general Waheed Arshad,
porta-voz do Exército, disse
que eram 73 os corpos recolhidos. Segundo ele, nenhum era
de mulher ou criança.
Segundo outros informantes,
desde a madrugada de terça-feira, quando os militares tomaram de assalto o local, morreram 125 estudantes de uma
escola islâmica adjacente e
mais 70 integristas armados.
Com os nove militares mortos e
mais os 24 civis ao longo de
uma semana de atritos, essa estimativa daria no mínimo 228.
Como indício de que a cifra
pode ser bem maior, a Associated Press relata o caso de uma
centena de pais que perambula
por Islamabad atrás de notícias
ou dos cadáveres de seus filhos.
Jan Mohammed, 42, está sem
notícias de Mohammed Kahn,
que não se encontrava entre os
que escaparam em meio à batalha campal de anteontem.
A versão oficial é a de que 86
homens, mulheres e crianças,
mantidos como reféns pelos rebeldes, conseguiram escapar
em bloco na manhã de terça.
A mesquita havia se transformado no centro de operações
de uma ala integrista do islamismo paquistanês interessada em instituir no país um regime religioso estrito. Desde janeiro comandos formados pelos clérigos atacavam em Islamabad livrarias com publicações ocidentais e seqüestravam
supostas prostitutas.
Protestos em Peshawar
O projeto do grupo era o de
instalar um regime pró-Al Qaeda idêntico ao que vigorou até
2001 no Afeganistão. As primeiras manifestações de protesto contra a operação militar
foram registradas em Peshawar, próxima à fronteira afegã e
base dos insurgentes do Taleban contra contingentes ocidentais no Afeganistão. "Morte
ao ditador", gritavam cerca de
500 manifestantes.
Em Islamabad, os jornalistas
e as entidades de direitos humanos continuam proibidos de
entrar nos escombros da mesquita. O Exército diz que ainda
existiriam armadilhas ou explosivos armazenados. Também foi dificultado o acesso aos
necrotérios de hospitais.
O ditador Pervez Musharraf
participou ontem do sepultamento dos militares mortos.
Todos pertencem ao Grupo de
Serviços Especiais do Exército,
unidade que ele chegou a comandar antes do golpe de Estado que o levou ao poder em
1999.
O corpo do líder dos insurgentes, Abdul Rashid Ghazi, foi
transportado por helicóptero
até o vilarejo em que nasceu,
Dasti Abdullah, 650 km ao sul
de Islamabad.
Ghazi queria ser enterrado
na capital, ao lado de seu pai,
fundador da Mesquita Vermelha. Mas o governo temia que
seu túmulo virasse local de peregrinação.
Com agências internacionais
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