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IGREJA
Ao visitar a Alemanha, Bento 16 dará indulgências, criticadas por Lutero
Papa revive polêmica luterana
DA ASSOCIATED PRESS
A venda de indulgências, ou
remissão dos pecados, levou à
saída de Martinho Lutero da
Igreja Católica, 500 anos atrás, e
ao início do protestantismo. Logo, chamou muita atenção quando o Vaticano anunciou nesta semana que o papa Bento 16 concederá indulgências para os participantes do Dia Mundial da Juventude, na Alemanha.
O evento ocorrerá na cidade de
Colônia entre os dias 17 e 21 deste
mês e será a primeira viagem ao
exterior de Bento 16 desde que
foi eleito papa, em abril.
Para um papa tão ansioso em
se comunicar com outros cristãos, o anúncio pode trazer divergências com a Igreja Luterana: um papa alemão, concedendo indulgências para romeiros
que vão à Alemanha, terra de Lutero e da Reforma Protestante.
"Certamente há uma coincidência: Alemanha, indulgências,
um papa alemão", reconheceu o
monsenhor Mauro Parmeggiani, secretário-geral da diocese de
Roma. "Mas eu acho que é um
problema mais histórico do que
real", disse ontem Parmeggiani.
Lutero, o agostiniano que viveu entre 1483 e 1546, inspirou a
Reforma Protestante ao se opor à
venda de indulgências -a remissão completa ou parcial de
pena para pecados já perdoados.
Na época, a compra e a venda de
indulgências era uma constante,
tornando-se uma das maiores
fontes de renda de Roma.
Desde o Concílio de Trento
(1545-1563), a venda de indulgências é ilegal. Porém, a prática
de concedê-las continuou, apesar de os pecados poderem ser
perdoados através da confissão.
O anúncio não chamou muita
atenção na Alemanha, onde a
população cristã está dividida
igualmente entre católicos e protestantes."É uma idéia estranha
aos luteranos que a Igreja possa
emitir indulgências para os pecados", disse o doutor Thies Gundlach, teólogo da Igreja Evangélica Luterana da Alemanha.
"Mas não há por que considerá-las uma provocação."
O papa João Paulo 2º concedeu
indulgências aos romeiros que
visitaram Roma durante o Jubileu da Igreja Católica, em 2000.
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