São Paulo, sexta-feira, 12 de agosto de 2005

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IGREJA

Ao visitar a Alemanha, Bento 16 dará indulgências, criticadas por Lutero

Papa revive polêmica luterana

DA ASSOCIATED PRESS

A venda de indulgências, ou remissão dos pecados, levou à saída de Martinho Lutero da Igreja Católica, 500 anos atrás, e ao início do protestantismo. Logo, chamou muita atenção quando o Vaticano anunciou nesta semana que o papa Bento 16 concederá indulgências para os participantes do Dia Mundial da Juventude, na Alemanha.
O evento ocorrerá na cidade de Colônia entre os dias 17 e 21 deste mês e será a primeira viagem ao exterior de Bento 16 desde que foi eleito papa, em abril.
Para um papa tão ansioso em se comunicar com outros cristãos, o anúncio pode trazer divergências com a Igreja Luterana: um papa alemão, concedendo indulgências para romeiros que vão à Alemanha, terra de Lutero e da Reforma Protestante.
"Certamente há uma coincidência: Alemanha, indulgências, um papa alemão", reconheceu o monsenhor Mauro Parmeggiani, secretário-geral da diocese de Roma. "Mas eu acho que é um problema mais histórico do que real", disse ontem Parmeggiani.
Lutero, o agostiniano que viveu entre 1483 e 1546, inspirou a Reforma Protestante ao se opor à venda de indulgências -a remissão completa ou parcial de pena para pecados já perdoados. Na época, a compra e a venda de indulgências era uma constante, tornando-se uma das maiores fontes de renda de Roma.
Desde o Concílio de Trento (1545-1563), a venda de indulgências é ilegal. Porém, a prática de concedê-las continuou, apesar de os pecados poderem ser perdoados através da confissão.
O anúncio não chamou muita atenção na Alemanha, onde a população cristã está dividida igualmente entre católicos e protestantes."É uma idéia estranha aos luteranos que a Igreja possa emitir indulgências para os pecados", disse o doutor Thies Gundlach, teólogo da Igreja Evangélica Luterana da Alemanha. "Mas não há por que considerá-las uma provocação."
O papa João Paulo 2º concedeu indulgências aos romeiros que visitaram Roma durante o Jubileu da Igreja Católica, em 2000.


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