São Paulo, sexta-feira, 12 de agosto de 2011 |
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DE NOVO, A CRISE Obama propõe corte de impostos e pacote de obras contra crise Presidente defende extensão de alívio tributário para a classe média e promete medidas semanais pró-emprego Especialistas temem que o fim dos estímulos fiscais piore ainda mais a situação da economia dos Estados Unidos
LUCIANA COELHO DE WASHINGTON O presidente Barack Obama escolheu uma fábrica em Michigan para fazer seu discurso mais assertivo desde que a crise econômica nos EUA se agravou, prometendo medidas semanais para criar empregos e "pôr dinheiro nos bolsos dos americanos". O rompante de populismo -ele se distanciou da "política de Washington" e apelou para o patriotismo- vem no momento em que os mercados pedem ação para evitar outra recessão e as expectativas da população em relação ao futuro da economia dos EUA despencam. Ontem, Obama disse que proporá a extensão de cortes do Imposto de Renda na fonte para a classe média, que expiram neste ano, e de benefícios para desempregados -economistas temem que o fim dos estímulos federais piore o quadro econômico. O democrata também exortou o eleitorado a pressionar o Congresso para aprovar acordos de livre-comércio que estimulem a exportação e propôs um programa de construção de estradas. Pesquisa do "New York Times" mostra que o desemprego, em 9,1%, é a prioridade para 70% da população. A mudança de tom e a tentativa de elevar o moral da plateia ficaram claras na visita a uma fábrica de baterias. "Não existe país que não queira trocar de lugar conosco", disse. "Não há nada errado com nosso país. Mas há com nossa política." FRUSTRADO O presidente voltou a culpar a oposição pelo fracasso em fechar um pacote fiscal eficaz para conter a dívida pública e, em um aceno à ala à esquerda, enfatizou que essa falha suga recursos e margem política para medidas de estímulo ao crescimento. Obama, que perde popularidade, tem sido bombardeado pela oposição e pela base progressista por sua lentidão em agir e inépcia em se comunicar com a população. O discurso de ontem, porém, fez lembrar o político em campanha em 2008 e dois de seus antecessores democratas muito mais hábeis em se equilibrar entre o público e as contas, Bill Clinton e Franklin D. Roosevelt. "[A crise da dívida] não ocorreu porque não podemos pagar as contas, mas porque Washington é incapaz de resolver problemas." E subiu a voz: "Por isso as pessoas estão frustradas. Por isso eu estou frustrado". Noutro momento, ele criticou a intransigência da oposição em aceitar o fim da isenção tributária para as classes mais altas e a insistência em cortar programas sociais, usando a retórica republicana de comparar contas federais às domésticas. "Quando você precisa economizar em casa, não corta tudo que seu marido ou mulher quer para manter tudo o que você gosta. O mesmo vale para os EUA", alfinetou. Próximo Texto: Análise: Tumulto financeiro gera comparação com 2008; a diferença nem sempre é positiva Índice | Comunicar Erros |
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