São Paulo, sexta, 12 de setembro de 1997.



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MADRE TERESA
Panfletos sobre obras assistenciais da missionária serão distribuídos no funeral, que ocorre amanhã
Religiosas querem atrair voluntários

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
enviado especial a Calcutá

As Missionárias da Caridade querem aproveitar o funeral de madre Teresa, que fundou a or dem religiosa em 1949, para atrair novos voluntários para suas obras assistenciais.
A convocação começou no veló rio na igreja São Tomás, em Calcu tá (nordeste da Índia), onde está o caixão da madre desde o domingo. Ontem, cada um que entrava para se despedir da missionária recebia um panfleto explicativo sobre a or dem. A "propaganda" irá se repe tir no funeral, que começa às 9h de amanhã (0h30 em Brasília, na noi te de hoje para amanhã) e terá honras de chefes de Estado.
"É a maneira que encontramos de mostrar ao mundo que o traba lho dela não foi em vão e não vai acabar", disse irmã Brunet, uma das que acompanharam a religiosa em seus momentos finais.
Madre Teresa, conhecida mun dialmente por seu trabalho com os pobres da Índia e Nobel da Paz de 1979, morreu na última sexta-fei ra, aos 87 anos, de ataque cardíaco. O trajeto de seu cortejo fúnebre foi ampliado para que mais pessoas possam lhe prestar homenagens. O percurso será de 6 km, o dobro do previsto inicialmente.
O caixão será transportado em uma espécie de carreta para trans portar canhões, a mesma utilizada em enterros de heróis do país, en tre os quais Mahatma Gandhi, lí der da independência, e Jawarhar lal Nehru, primeiro governante da Índia independente.
Ontem, em cerimônia solene, a bandeira indiana foi colocada so bre o corpo da madre como parte dos preparativos para o funeral.
Obras assistenciais
O número de voluntários nas obras assistenciais chega a 3.000 entre maio e setembro, período de férias escolares na Europa e nos EUA. A maioria é de norte-ameri canos e britânicos na faixa dos 20 anos que são distribuídos entre as várias casas mantidas pela ordem. Uma das mais procuradas é a que abriga pessoas prestes a morrer.
O local, visitado pela reportagem da Folha, é dividido em quartos, pelos quais são espalhados os doentes. No salão principal, cerca de 60 pessoas estavam deitadas em estrados de madeira. Ao lado de cada um, há um banquinho para que missionárias e voluntários possam lhes dar apoio.
"Vim passar férias aqui porque queria fazer um pouco pelo próxi mo e tinha curiosidade em conhe cer a Índia", disse uma britânica que não quis se identificar.
O dia-a-dia foi muito mais difícil do que imaginava. Além de médi cos, faltam equipamentos e remé dios em geral. "Vi seringas sendo usadas em várias pessoas, uma atrás da outra, porque elas eram em pouca quantidade."



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