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MADRE TERESA
Panfletos sobre obras assistenciais da missionária serão distribuídos no funeral, que ocorre amanhã
Religiosas querem atrair voluntários
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
enviado especial a Calcutá
As Missionárias da Caridade
querem aproveitar o funeral de
madre Teresa, que fundou a or
dem religiosa em 1949, para atrair
novos voluntários para suas obras
assistenciais.
A convocação começou no veló
rio na igreja São Tomás, em Calcu
tá (nordeste da Índia), onde está o
caixão da madre desde o domingo.
Ontem, cada um que entrava para
se despedir da missionária recebia
um panfleto explicativo sobre a or
dem. A "propaganda" irá se repe
tir no funeral, que começa às 9h de
amanhã (0h30 em Brasília, na noi
te de hoje para amanhã) e terá
honras de chefes de Estado.
"É a maneira que encontramos
de mostrar ao mundo que o traba
lho dela não foi em vão e não vai
acabar", disse irmã Brunet, uma
das que acompanharam a religiosa
em seus momentos finais.
Madre Teresa, conhecida mun
dialmente por seu trabalho com os
pobres da Índia e Nobel da Paz de
1979, morreu na última sexta-fei
ra, aos 87 anos, de ataque cardíaco.
O trajeto de seu cortejo fúnebre foi
ampliado para que mais pessoas
possam lhe prestar homenagens. O
percurso será de 6 km, o dobro do
previsto inicialmente.
O caixão será transportado em
uma espécie de carreta para trans
portar canhões, a mesma utilizada
em enterros de heróis do país, en
tre os quais Mahatma Gandhi, lí
der da independência, e Jawarhar
lal Nehru, primeiro governante da
Índia independente.
Ontem, em cerimônia solene, a
bandeira indiana foi colocada so
bre o corpo da madre como parte
dos preparativos para o funeral.
Obras assistenciais
O número de voluntários nas
obras assistenciais chega a 3.000
entre maio e setembro, período de
férias escolares na Europa e nos
EUA. A maioria é de norte-ameri
canos e britânicos na faixa dos 20
anos que são distribuídos entre as
várias casas mantidas pela ordem.
Uma das mais procuradas é a que
abriga pessoas prestes a morrer.
O local, visitado pela reportagem
da Folha, é dividido em quartos,
pelos quais são espalhados os
doentes. No salão principal, cerca
de 60 pessoas estavam deitadas em
estrados de madeira. Ao lado de
cada um, há um banquinho para
que missionárias e voluntários
possam lhes dar apoio.
"Vim passar férias aqui porque
queria fazer um pouco pelo próxi
mo e tinha curiosidade em conhe
cer a Índia", disse uma britânica
que não quis se identificar.
O dia-a-dia foi muito mais difícil
do que imaginava. Além de médi
cos, faltam equipamentos e remé
dios em geral. "Vi seringas sendo
usadas em várias pessoas, uma
atrás da outra, porque elas eram
em pouca quantidade."
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