São Paulo, quarta-feira, 12 de setembro de 2001

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REAÇÃO

América irá "caçar e punir responsáveis", afirma Bush

Osama bin Laden é visto nos EUA como maior suspeito; Bush é levado à Louisiana e Nebraska por motivos de segurança

Reuters
Assessor informa Bush do choque de aviões contra o World Trade Center quando o presidente participava de evento em escola


MARCIO AITH
DE WASHINGTON

Em meio à sua maior crise de segurança nacional dos tempos modernos, os Estados Unidos começaram a calibrar uma resposta apropriada para os atentados que destruíram ontem as duas torres do World Trade Center, em Nova York, e parte do Pentágono, em Washington.
O presidente George W. Bush disse ontem que os EUA irão "caçar e punir os responsáveis por esses atos covardes".
"Não faremos distinção entre os terroristas que cometeram esses atos e aqueles que lhes dão guarida", disse Bush em pronunciamento à nação pouco depois das 21h (22h em Brasília).
Membros dos serviços de segurança disseram que há indicações de que o terrorista saudita Osama bin Laden estaria por trás dos ataques. O Afeganistão, país que abrigaria o saudita, negou que ele tenha responsabilidade.
Em seu discurso das 21h, seu terceiro do dia, Bush deu uma dimensão do número de mortos nos ataques de ontem ao dizer que "milhares de vidas foram repentinamente interrompidas".
Bush estava na Flórida no momento em que foram realizados os ataques. Pouco depois de ser informado dos atentados, foi para a sede do Comando Aéreo Estratégico, na base aérea Offutt, em Nebraska, onde consultou assessores de segurança por meio de teleconferência. Ele retornou à Casa Branca no início da noite, para fazer o pronunciamento à nação.
Já o comando militar indicou ontem que a reposta dos EUA dependerá da identificação dos responsáveis e reconheceu que ainda não há pistas seguras da autoria do maior atentado terrorista da história.
O presidente Bush colocou as forças do país em estado de alerta máximo, chamado "Threatcon Delta". Já o chefe das Forças Armadas, Henry Shelton, disse: "Não desejo tratar agora do que faremos. Mas não tenham dúvidas de que as Forças Armadas estão preparadas."
Todos os dedos apontavam ontem para Bin Laden, que, de campos de treinamento no Afeganistão, comandaria extremistas islâmicos. No começo da noite de ontem, forças militares não identificadas atacaram Cabul, capital do Afeganistão. O governo norte-americano negou ter qualquer envolvimento nesses ataques.
Em 1998, os Estados Unidos acusaram Bin Laden de coordenar atentados a bomba contra duas embaixadas norte-americanas na África, que mataram aproximadamente 200 pessoas.
Naquela ocasião, os norte-americanos responderam com ataques de mísseis contra um suposto acampamento de Bin Laden no Afeganistão e contra uma fábrica no Sudão que, segundo a inteligência militar norte-americana, estaria vinculada a atividades terroristas. Os ataques foram considerados um fracasso. Bin Laden sobreviveu e, até hoje, há dúvidas sobre se a fábrica atingida tinha relação com terroristas.
Dessa vez, espera-se que os EUA estudem a reação com mais cuidado. James Baker, ex-secretário de Estado e assessor informal de Bush, disse que, diferentemente da reação norte-americana aos atentados de 1998, os EUA precisam ser agora mais severos.
"Sofremos um ato de guerra. Precisamos reagir à altura", afirmou Baker. Para o ex-secretário, os atentados de ontem podem ter matado mais pessoas do que o ataque japonês contra Pearl Harbor, durante a 2ª Guerra Mundial. "Nossa resposta terá de funcionar como um marco na guerra contra o terrorismo", afirmou Baker.
Para Samuel Berger, ex-assessor para segurança nacional durante a gestão do ex-presidente Bill Clinton, o governo do Afeganistão deve ser responsabilizado pelos Estados Unidos caso se confirme a autoria de Bin Laden.
"O governo afegão já foi alertado inúmeras vezes sobre o risco de abrigar terroristas em seu território", disse Berger.
No entanto ele afirma que, antes de qualquer reação, é preciso ter certeza não só da autoria dos atentados como também da forma a ser empregada na reação. "Ao contrário de terroristas, os EUA devem se esforçar para evitar a morte de civis", declarou.

Marinha
Ontem, a Marinha norte-americana mobilizou dois porta-aviões estacionados na Costa Leste dos EUA, para uso imediato. No entanto, os militares insistem que tal movimentação tem objetivo defensivo. "Temos um sofisticado sistema de defesa com aviões baseados em terra. Certamente os porta-aviões poderão nos dar apoio adicional", disse o porta-voz da Marinha.

Com agências internacionais

Leia mais sobre os atentados nos EUA na Folha Online


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