São Paulo, quarta-feira, 12 de setembro de 2001

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GUERRA NA AMÉRICA

Estudante de SP vê avião atingir torre

RENATA DE GÁSPARI VALDEJÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

O estudante paulista Fernando Escarlate Cicarelli, 20, testemunhou o primeiro avião se chocando com uma das torres do World Trade Center. Ele saía de uma estação do metrô, em direção à LSI (Language Systems International), escola onde faz um curso de inglês, a seis quarteirões dali, no coração de Manhattan. Achou que o avião estava "muito baixo", mas pensou que a aeronave desviaria da torre. Não desviou.
"Foi como ver um filme, mas era real. Fiquei pensando nas pessoas que estavam no avião. Você conseguia ver gente pulando de cima do prédio", afirmou ele.
A Folha conversou com Cicarelli poucas horas depois. Ele falava de um telefone público, a poucos metros das torres destruídas. Atrás dele havia uma fila de pessoas esperando para telefonar.
O estudante estava ainda perplexo, sem saber o que fazer ou para onde ir. "Está tudo parado, Downtown [parte baixa de Manhattan" inteira está parada. As ruas estão interditadas, e o metrô, fechado. Não tenho para onde ir."
Ele conta que, depois que o primeiro avião caiu, foi para a escola, de onde ligou para a mãe, Elizabeth, em São Paulo. "Mãe, você não vai acreditar no que acabei de ver." Quando a segunda torre foi atingida, a escola foi evacuada.
Cicarelli voltou para a frente do prédio e começou a tirar fotos. Fez três filmes. Segundo ele, as pessoas estavam desesperadas, correndo, gritando e chorando. Policiais em volta do prédio do WTC gritavam "bomba, bomba", as pessoas se desesperavam e corriam. Muitas foram pisoteadas. "Isso aqui está um caos", disse.
Cicarelli chegou a Nova York no último dia 29. Seus planos eram ficar até 25 de outubro nos Estados Unidos. Já não sabe como vai ser. "Só sei que, por hora, não há como sair daqui", disse.
O estudante planejava visitar as torres do WTC depois de amanhã. Após desligar o telefone, ele iria procurar um lugar para se proteger da "nuvem de fumaça" que cobria a região de Manhattan. Segundo ele, os restaurantes estavam lotados de pessoas tentando se refugiar.

Leia mais sobre os atentados nos EUA na Folha Online


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