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GUERRA NA AMÉRICA
Estudante de SP vê
avião atingir torre
RENATA DE GÁSPARI VALDEJÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
O estudante paulista Fernando
Escarlate Cicarelli, 20, testemunhou o primeiro avião se chocando com uma das torres do World
Trade Center. Ele saía de uma estação do metrô, em direção à LSI
(Language Systems International), escola onde faz um curso de
inglês, a seis quarteirões dali, no
coração de Manhattan. Achou
que o avião estava "muito baixo",
mas pensou que a aeronave desviaria da torre. Não desviou.
"Foi como ver um filme, mas
era real. Fiquei pensando nas pessoas que estavam no avião. Você
conseguia ver gente pulando de
cima do prédio", afirmou ele.
A Folha conversou com Cicarelli poucas horas depois. Ele falava
de um telefone público, a poucos
metros das torres destruídas.
Atrás dele havia uma fila de pessoas esperando para telefonar.
O estudante estava ainda perplexo, sem saber o que fazer ou
para onde ir. "Está tudo parado,
Downtown [parte baixa de Manhattan" inteira está parada. As
ruas estão interditadas, e o metrô,
fechado. Não tenho para onde ir."
Ele conta que, depois que o primeiro avião caiu, foi para a escola,
de onde ligou para a mãe, Elizabeth, em São Paulo. "Mãe, você
não vai acreditar no que acabei de
ver." Quando a segunda torre foi
atingida, a escola foi evacuada.
Cicarelli voltou para a frente do
prédio e começou a tirar fotos.
Fez três filmes. Segundo ele, as
pessoas estavam desesperadas,
correndo, gritando e chorando.
Policiais em volta do prédio do
WTC gritavam "bomba, bomba",
as pessoas se desesperavam e corriam. Muitas foram pisoteadas.
"Isso aqui está um caos", disse.
Cicarelli chegou a Nova York no
último dia 29. Seus planos eram
ficar até 25 de outubro nos Estados Unidos. Já não sabe como vai
ser. "Só sei que, por hora, não há
como sair daqui", disse.
O estudante planejava visitar as
torres do WTC depois de amanhã. Após desligar o telefone, ele
iria procurar um lugar para se
proteger da "nuvem de fumaça"
que cobria a região de Manhattan.
Segundo ele, os restaurantes estavam lotados de pessoas tentando
se refugiar.
Leia mais sobre os atentados nos EUA na Folha Online
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