São Paulo, quarta-feira, 12 de setembro de 2001

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HORROR EM WASHINGTON

Governo fecha Casa Branca, Congresso e prédios públicos

Vice-presidente e integrantes do Conselho de Segurança Nacional se refugiam em prédio subterrâneo secreto

MARCIO AITH
DE WASHINGTON

Uma sensação inédita de vulnerabilidade atingiu ontem o centro político e militar dos EUA, nação mais poderosa do mundo.
Minutos depois do ataque terrorista que destruiu parte do Pentágono, o governo decidiu fechar a Casa Branca, o Capitólio e todos os outros prédios públicos da capital do país. O vice-presidente, Dick Cheney, líderes no Congresso e integrantes do Conselho de Segurança Nacional foram removidos para um prédio subterrâneo secreto.
Jatos F-16, da Força Aérea norte-americana, sobrevoaram o centro da cidade. Como todos os vôos comerciais no país foram suspensos e não havia certeza com relação ao número de aviões sequestrados, os pilotos militares receberam a missão de derrubar qualquer aeronave que se aproximasse da cidade.
Ofegante, depois de descer cinco lances de escadas do prédio que abriga a sede do Federal Deposit Insurance Corporation, a quatro quarteirões da Casa Branca, a fiscal de contabilidade Debby Carlson, 42 anos, juntou-se na rua a uma multidão de funcionários públicos que, calados, olhavam para o céu. Quarenta minutos antes, o Pentágono fora atacado. Quase duas horas antes, dois outros aviões atingiram as torres do World Trade Center, em Nova York, derrubando-as mais tarde.
"Disseram que tem outro avião vindo", gritou. "Agora eles querem a Casa Branca", alertou. "Eles", na visão de Carlson, são os terroristas. "No dia em que eles destruírem Washington, será o fim do mundo livre."
Pessoas andavam, a esmo, com crachás pendurados. Outros tentavam, sem sucesso, usar celulares. No início, acreditava-se que uma bomba teria explodido no Congresso e que o Departamento de Estado estaria em fogo. As informações, mais tarde desmentidas, ajudaram a elevar o pânico.
As autoridades decretaram estado de emergência na cidade. Operações do Metrô foram interrompidas durante um período. O trânsito, restrito por dezenas de bloqueios de segurança, ficou caótico. Ninguém podia chegar a uma distância inferior a três quarteirões da Casa Branca.
Os museus ao longo da longa área verde conhecida como "Mall" não funcionaram, assim como a maioria das embaixadas. Turistas, atônitos, pediam ajuda a policiais com metralhadoras.
A fumaça vinda do Pentágono, do outro lado do Rio Potomac, que separa Washington do Estado da Virgínia, misturava-se à imagem do Monumento de Washington, obelisco da cidade. "A cidade está mais tensa do que durante a crise dos mísseis com Cuba, em 1962", disse o senador Chuck Grassley, republicano de Iowa que misturou-se à multidão. "Só que, agora, fomos atingidos."

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