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No Pentágono, mesa é usada como escudo
GABRIELA ATHIAS
ESTELA CAPARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Assim como em todas as manhãs, o engenheiro americano
Gregory Stotmayer, 52, estava em
sua mesa começando mais um
dia de trabalho no Prédio Federal
número 2, mais conhecido como
"Navy Annex", quando ouviu um
estrondo.
Sua primeira impressão foi que
"algo muito grande" havia se chocado contra alguma construção
do bairro, já que do escritório dele
não era possível ver a queda do
avião sobre o prédio que até então
simbolizava a força da América.
"Nunca imaginei que pudesse
acontecer algo com o Pentágono", disse ele da sua casa, em um
subúrbio de Washington, à Folha,
por telefone.
"Eu nunca tinha estado em uma
explosão antes. Para mim, a impressão foi de um barulho seco e
alto de algo se chocando contra
uma parede", disse Stotmayer.
"Fomos retirados do prédio em
menos de um minuto e só na saída é que eu percebi que o Pentágono havia sofrido um atentado",
relatou o engenheiro.
"Enquanto estávamos no prédio, nenhum de nós havia imaginado que a explosão pudesse ter
algo a ver com o Pentágono. De lá
só foi possível ouvir a explosão",
completou Stotmayer.
Ele disse não ter "entrado em
pânico", mas reconheceu ter sido
surpreendido com o alcance dos
atentados terroristas contra civis.
"Pela primeira vez pensei no que
pode acontecer contra nós [americanos]."
"Nós não sabíamos se deveríamos sair ou ficar no prédio. O
problema é que, em uma situação
como essa, você não sabe o que
vai ocorrer no próximo minuto",
completou John Damoose, um
funcionário do Pentágono que estava em reunião quando ocorreu
o atentado.
Para Damoose, o pior momento
foi quando ele deixou o prédio e
andou pela ciclovia Fort Meyer
Drive: "Você podia ver pedaços
de avião".
Ainda no Pentágono, a reação
do engenheiro Rick Watson, 30,
para quem o estrondo se assemelhou a um terremoto, foi correr
para debaixo da mesa. Tom Seibert, 33, também engenheiro, disse que agiu por impulso: "Nos jogamos no chão por instinto".
Apesar da tensão e do clima de
terror, a retirada dos funcionários
do Pentágono foi feita de forma
calma, organizada e durou poucos minutos.
"Quando pediram para deixarmos o prédio, já sabíamos o que
havia acontecido no World Trade
Center, em Nova York. Em três
minutos estávamos todos na
rua", disse uma funcionária que
não quis se identificar.
Já na rua, as pessoas perceberam que teriam dificuldades de
voltar para casa. A maioria das linhas de ônibus dessa região de
Washington tem seu ponto inicial
no Pentágono. Como a região foi
interditada pela polícia, os ônibus
não puderam trafegar, e as pessoas não souberam para onde se
dirigir para pegá-los.
Com agências internacionais.
Leia mais sobre os atentados nos EUA na Folha Online
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