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CINEMA
Realidade foi além da imaginação
Nova York já foi atacada por alienígenas, por gorilas gigantescos e por terroristas, mas nunca com tanto impacto sobre os espectadores
DA REDAÇÃO
Ataques como os de ontem
acontecem pelo menos uma vez a
cada verão. Mas até agora assustavam apenas as platéias de cinema.
Os capitalistas de Hollywood, armados até os dentes de efeitos especiais, se comprazem ano a ano
em destruir seu querido país com
realismo cada vez maior.
Talvez não muita gente lembre,
pois não se tratava de um "blockbuster", mas em 1981, um avião
arremeteu contra o World Trade
Center, em "Fuga de Nova York".
Quinze anos depois, em 1996,
foi possível ver multidões fugindo
em pânico enquanto as naves alienígenas de "Independence Day"
destroçavam os mais sofisticados
engenhos da arquitetura humana,
como se fossem de papelão.
No mesmo ano, os monstrinhos
de "Marte Ataca!" não faziam por
menos e espalhavam a destruição.
Em 2001, foi a vez de Pearl Harbor
ser destruída. Agora não era imaginação -reconstituía-se um fato, mas o impacto nem por isso foi
menor, nem menor o desespero
dos militares pegos de surpresa
pela aviação japonesa.
Não é de hoje que a imagem de
grandes desastres alimenta a imaginação dos frequentadores de cinema. Em 1933, um enorme gorila chegou ao topo do Empire States Building, levando nas mãos a
mocinha por quem se apaixonara. Em 1953, George Pal, mestre
dos efeitos especiais, mostraria as
forças de Marte atacando Los Angeles impiedosamente, na versão
cinematográfica de "A Guerra dos
Mundos", de H.G. Wells.
Antes, aliás, de chegar ao cinema, "A Guerra dos Mundos" fez
história. Em 1938, o realismo da
versão radiofônica de Orson Welles levou o pânico aos EUA.
Os anos 70 consagraram o "filme catástrofe". O incêndio de um
grande arranha-céu constituía o
"plot" de "Inferno na Torre"
(1974). "Aeroporto" (1970) mostrava as agruras dos tripulantes e
passageiros de um Boeing ameaçado de explosão por um insano.
Os desastres também podiam
ser no mar, como em "O Destino
do Poseidon" (1972), em que um
grande navio vira como se fosse
um barco de brinquedo, sob o impacto de uma onda gigantesca.
Será preciso lembrar de "Titanic" (1997)? A história real aconteceu em 1912: o Titanic era o navio que, segundo seus construtores, nem Deus poderia afundar.
Má aposta perdida: sucumbiu a
um mero iceberg.
O destino parece espreitar, caprichosamente, os homens que
desafiam os desígnios divinos.
Disso nos lembra "O Homem que
Viu o Amanhã" (1981). Ali algo
terrível é enunciado: "Na cidade
de Deus haverá um grande trovão, dois irmãos serão separados
pelo Caos. Enquanto a fortaleza
resistir, o grande líder sucumbirá.
A terceira grande guerra começará enquanto a grande cidade estiver em chamas".
Era só um desses filmes feitos
para explorar os terrores de fim
de milênio, servindo-se da mística
de Nostradamus e do prestígio de
Orson Welles (esse grande mistificador). Nessa altura, mais vale
começar a torcer para que Nostradamus esteja errado.
(IA)
Leia mais sobre os atentados nos EUA na Folha Online
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