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11/9 - CINCO ANOS DEPOIS
"Guerra ao terror é luta por civilização"
Em discurso que politiza aniversário de atentados, Bush envia mensagens a Irã e democratas; Al Qaeda promete mais ataques
Líder dos EUA afirma lutar "para manter modo de vida desfrutado por nações livres'; 45% dos americanos culpam governo pelo 11/9
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DE NOVA YORK
Depois de passar grande parte das cerimônias do aniversário de cinco anos do 11 de Setembro calado, George W. Bush
decidiu partir para o confronto
verbal. Para o presidente norte-americano, a chamada "guerra
ao terror" é uma "luta por civilização", segundo diria em discurso em rede nacional às 21h
locais (22h de Brasília) ontem,
do qual a Casa Branca distribuiu trechos aos jornalistas em
Washington no final da tarde.
"Essa luta foi chamada de
choque de civilizações", diria
ele. "Na verdade, é uma luta por
civilização. Estamos lutando
para manter o modo de vida
desfrutado por nações livres.
Estamos lutando pela possibilidade de que pessoas boas e decentes no Oriente Médio ergam
sociedades baseadas em liberdade, tolerância e dignidade."
Politizando a data do ataque
terrorista, Bush manda recados
tanto a inimigos externos -o
Irã- quanto internos -a oposição democrata, que defende a
retirada gradual do Iraque.
"Se não derrotarmos esses
inimigos agora, nós deixaremos
para nossos filhos um Oriente
Médio dominado por Estados
terroristas e ditadores radicais
com armas nucleares", diria,
sobre o primeiro. "Ganhar essa
guerra exigirá o esforço e a determinação de um país unido.
Devemos por de lado nossas diferenças e trabalhar juntos para esse teste que a História nos
deu", falaria, aos segundos.
Candidata à reeleição ao Senado, a ex-primeira-dama Hillary Clinton disse que o país
"não está seguro". "Temos de
tornar nossas fronteiras, portos, ferrovias e sistemas de
trânsito mais seguros do que
são hoje. O que vejo é que Nova
York continua o alvo número
um dos terroristas", afirmou.
Nas últimas semanas, republicanos e democratas partiram para o confronto, e o presidente retomou o tema da
"guerra ao terror" amparado
por pesquisas que apontam que
o assunto dominará a atenção
na eleição legislativa de novembro. Em oito discursos, defendeu sua política externa, especialmente a invasão do Iraque.
Pesquisa divulgada ontem
pelo Gallup, no entanto, mostra
que a estratégia ainda não deu
resultado. Os norte-americanos que culpam o governo pelo
11 de Setembro subiram de 32%
para 45% em quatro anos.
Al Qaeda
A lembrar que Osama Bin Laden segue vivo e solto, sua organização terrorista fez ontem
novas ameaças aos EUA e países aliados. Em nova gravação
divulgada pelas redes de TV Al
Jazira (Qatar) e CNN, Ayman al
Zawahiri, segundo na hierarquia da Al Qaeda, afirma que
ações semelhantes àquelas que
puseram abaixo o World Trade
Center "estão em curso".
A efeméride dos atentados
causou uma série de transtornos no país. Em Nova York, a
Penn Station, estação de trem e
metrô em que circulam mais de
500 mil passageiros por dia, foi
esvaziada por suposta ameaça
de bomba. Um pacote, que depois se descobriu conter apenas objetos pessoais, foi abandonado no saguão.
Um vôo da United Airlines
que de Atlanta a São Francisco
foi desviado porque um celular
escorregou da primeira classe
para a econômica. Ninguém
reivindicou o aparelho. Em Los
Angeles, um prédio da concessionária de telefonia AT&T foi
esvaziado, e uma pessoa foi
hospitalizada ao ser intoxicada
por fumaça, de origem ainda
não identificada. Também na
Califórnia, outro pacote suspeito, numa locadora de automóveis, fez com que o aeroporto fosse fechado aos carros.
Em Nova York, no local onde
ficavam as Torres Gêmeas, um
rufar de tambores, seguido por
um minuto de silêncio, deu início à cerimônia oficial do aniversário dos ataques às 8h40,
com a presença de Bush, do governador George Pataki, do
prefeito Michael Bloomberg e
de seu antecessor, Rudolph
Giuliani. Às 8h46, outro minuto de silêncio. Nessa hora, cinco
anos antes, o primeiro avião
atingia a torre norte do WTC.
O mesmo silêncio foi repetido às 9h03, às 9h59 e às 10h29,
em referência aos momentos
em que que a torre sul foi atacada e aos instantes em que os
prédios ruíram. As pausas eram
entrecortadas por viúvas e viúvos que leram os nomes das
2.749 pessoas mortas no local.
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