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Hamas faz acordo com Fatah, mas não reconhece Israel
Palestinos aprovaram criação de governo de união nacional; ainda existe ceticismo quanto à implementação da medida
Costurado durante mais de dois meses, entendimento visa reduzir o isolamento palestino e reativar o fluxo de doações estrangeiras
DA REDAÇÃO
O presidente da Autoridade
Nacional Palestina (ANP),
Mahmoud Abbas, anunciou
ontem ter chegado a um acordo
com o primeiro-ministro palestino, Ismail Haniyeh, para a
formação de um governo de
união nacional.
O entendimento, que vem
sendo costurado há mais de
dois meses, visa reduzir o isolamento dos palestinos e permitir o reinício do fluxo de doações estrangeiras, congelado
desde março, quando o grupo
Hamas, de Haniyeh, assumiu o
poder. De ideologia islâmica
-o Fatah, de Abbas, é secular-,
o Hamas foi responsável por
dezenas de ações terroristas
contra civis israelenses.
"Nós finalizamos os elementos da agenda política do governo de união", afirmou Abbas,
sentado ao lado de Haniyeh, em
um pronunciamento transmitido pela TV palestina. "Espero
que nos próximos dias nós comecemos o governo de união
nacional."
A agenda política conjunta,
porém, não deverá incluir o reconhecimento de Israel por
parte do Hamas e o abandono
da luta armada, condições para
a suspensão do boicote internacional ao governo palestino.
"As linhas de qualquer agenda política não prejudicarão a
legitimidade da resistência
contra a ocupação israelense",
disse Haniyeh. A Chancelaria
israelense reagiu com ceticismo ao acordo. O governo dos
EUA declarou que só comentará quando tiver mais detalhes.
Um assessor de Abbas disse
ontem que o gabinete controlado pelo Hamas seria declarado
interino em 48 horas. Membros do grupo islâmico afirmaram que o Hamas insiste em
que Haniyeh permaneça como
premiê.
Boicote
Embora tenha conquistado o
poder por meio de eleições livres, em surpreendente vitória
sobre o Fatah de Abbas, o governo do Hamas passou a ser
boicotado pela União Européia
e os EUA, principais doadores
internacionais e responsáveis
por metade do orçamento palestino, por sua recusa em reconhecer o direito de existência
de Israel.
Um mecanismo de ajuda foi
criado há três meses pelo Quarteto para o Oriente Médio
(União Européia, EUA, Rússia
e ONU) para enviar ajuda sem
passar pelo Hamas, mas ela tem
sido insuficiente para resolver
a grave crise humanitária em
que o isolamento e o boicote
mergulharam os territórios palestinos.
Os funcionários públicos estão há seis meses sem receber e,
com o cerco militar israelense,
o desemprego é crônico.
UE e EUA já afirmaram que
aceitam trabalhar com um governo de união nacional palestino e retomar o envio de ajuda
se ele cumprir três condições:
reconhecer Israel, renunciar à
violência e aceitar acordos de
paz já assinados pela ANP.
Prisioneiros
O acordo de conciliação palestino tem como base um documento elaborado há três meses por militantes das duas facções presos em Israel.
Entretanto, no dia 25 de junho, data marcada para Abbas e
Haniyeh oficializarem o entendimento, radicais palestinos
seqüestraram um soldado israelense, o que provocou uma
maciça retaliação militar contra os territórios palestinos.
O cerco israelense ao Hamas,
além de ataques que já mataram mais de 200 pessoas, também incluiu a prisão de vários
políticos do grupo islâmico, entre eles ministros e o presidente do Parlamento. Apesar da
pressão, o porta-voz do Hamas,
Sami Abu Zuhri, reiterou que a
posição do grupo em relação a
Israel continua inalterada.
"Nós jamais reconheceremos a
legitimidade da ocupação."
Não ficou claro em que medida o acordo Fatah-Hamas atenderá às três exigências da UE e
dos EUA (que também são as
de Israel). O chamado "documento dos prisioneiros" aceitava a coexistência de dois Estados lado a lado.
Com agências internacionais
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