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Potências aceitam debater a nova proposta nuclear do Irã
EUA dizem querer "testar" se Teerã está disposta a entrar em negociações sérias
Iranianos apresentaram na última quarta-feira plano de diálogo que não menciona fim de enriquecimento de urânio pedido por Ocidente
DA REDAÇÃO
As grandes potências encarregadas de solucionar o impasse sobre o programa nuclear
iraniano aceitaram ontem a última proposta de diálogo feita
por Teerã -apesar de o Irã ter
rejeitado suspender o seu enriquecimento de urânio.
O anúncio foi feito em Bruxelas pelo chefe da diplomacia da
União Europeia, Javier Solana,
mediador das conversas entre o
Irã e o P5 + 1, grupo que reúne
as cinco potências atômicas do
Conselho de Segurança (CS) da
ONU mais a Alemanha.
A decisão foi reforçada horas
depois pela Casa Branca, refletindo a estratégia do presidente
Barack Obama de buscar uma
distensão com Teerã -EUA e
Irã estão rompidos desde 1980.
No texto de cinco páginas
apresentado na última quarta,
e obtido pela agência Associated Press, o Irã se diz pronto
para iniciar "negociações construtivas e compreensivas", mas
ignora a possibilidade de cessar
o enriquecimento de urânio.
A proposta, de teor vago, pede ainda "a paz", uma "cooperação abrangente", o fim dos arsenais nucleares no mundo e a
reforma do CS da ONU, dizendo que a "era do domínio de potências militares" está no fim.
Condiciona também as conversas à busca de uma solução para
o conflito israelo-palestino.
Porta-voz do governo americano afirmou que, embora a
proposta seja evasiva, as potências concordaram sobre a realização de um encontro com diplomatas iranianos, em local e
data a serem definidos.
"[A proposta] diz simplesmente que o Irã está disposto a
dialogar. Se o Irã estiver disposto a entrar em negociações sérias, encontrará interlocutores
bem-intencionados", disse.
Mas os EUA insistiram em
que o foco das conversas deverá
ser o programa nuclear iraniano, não mencionado no texto.
Sob o Tratado de Não Proliferação Nuclear, Teerã tem direito de desenvolver um programa atômico civil, desde que em
cooperação com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), ligada à ONU. O presidente Mahmoud Ahmadinejad reiterou na terça-feira que
não abrirá mão desse direito.
O Ocidente acusa Teerã de
querer enriquecer urânio para
abastecer um arsenal atômico e
pressiona, mediante sanções,
pelo fim de todas as atividades
sua nucleares. Israel, embora
seja a única potência nuclear do
Oriente Médio, teme ser alvo
de um Irã com bomba atômica.
Teerã apresentou seu plano
de diálogo 20 dias dias antes do
prazo estabelecido pelos EUA
para que retomasse as conversas visando o fim de seu programa atômico, sob pena de adotar
novas medidas punitivas -possibilidade cada vez mais remota
diante do gesto apaziguador
das potências. As discussões estão paralisadas desde 2008.
A moderação adotada ontem
na retórica do P5 + 1 destoa do
tom incendiário adotado nos
últimos meses contra Teerã.
Além da questão nuclear, as
tensões entre as potências e o
Irã se acirraram após a reeleição de Ahmadinejad, em junho,
em meio a acusações de fraude
e repressão violenta à oposição.
Segundo analistas, o recuo
das potências atende aos interesses dos EUA, que buscam a
cooperação de Teerã para estabilizar Iraque e Afeganistão,
ambos vizinhos do Irã. Setores
do governo Obama também defendem assumir que sem o Irã é
impossível resolver as crises no
Líbano e no governo palestino.
As relações entre as potências e o Irã serão um dos temas
centrais da próxima reunião da
Agência Internacional de Energia Atômica, no dia 14, e da Assembleia Geral da ONU, dia 22.
Com agências internacionais
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