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Escritores pedem
boicote à reforma
especial para a Folha, de Berlim
A reforma do alemão está sendo
ameaçada por uma série de processos na Justiça. Até agora os seus
defensores estão com uma vantagem. Desde março, oito veredictos
rejeitaram pedidos para o fim da
reforma. Seis os aceitaram.
Um dos processos já atingiu a
Corte Constitucional Federal, órgão máximo da Justiça alemã. Se a
reforma for definitivamente rejeitada, calculam-se prejuízos em
torno de US$ 170 milhões.
O debate sobre a reforma ganhou
fôlego depois da primeira vitória
dos "contras" na Justiça, em julho. O argumento dos "contras" é
sempre o mesmo: a reforma deve
ser suspensa imediatamente, pois
ela deve ser antes aprovada por representantes da população (deputados) ou pela própria população
(plebiscito). Eles exigem que, dessa forma, as novas regras sejam introduzidas por lei.
Segundo a Constituição, a língua
é uma questão dos Estados, não da
Federação. O responsável pela implementação das novas normas,
segundo a regra atual, é o Ministério da Cultura dos diferentes Estados. São eles quem determinam
como a reforma deve ser introduzida nas escolas e nas repartições
públicas.
Essas novas regras ortográficas
não foram estabelecidas por uma
órgão legislativo, mas por germanistas, em 1996.
"Se for criada uma lei para a implementação da reforma, deve ser
estabelecida também a punição
para o seu desrespeito. Qual seria a
multa para o esquecimento de
uma vírgula? Três marcos?", ironiza Klaus Heller, secretário-geral da
comissão que coordena a implementação das regras.
Os principais representantes da
literatura alemã acusam a reforma
de estar impregnada de um "vício
pela novidade". Eles escreveram
manifesto crítico no final de 1996,
a "Declaração de Frankfurt".
Patrick Süskind, Günter Grass,
Martin Waiser e Walter Kempowski, por exemplo, proibiram
que suas obras sejam publicadas
com as novas regras.
Hans Magnus Enzensberger
convocou os alemães a uma "sabotagem civil" à reforma. Estão
sendo recolhidas assinaturas para
brecar a implementação das regras.
Um dos principais argumentos
dos "contras" é justamente que a
implementação da reforma está levando as escolas ao caos. A determinação dos Ministérios da Cultura é de que as novas regras sejam
ensinadas a partir do segundo ano
escolar. Mas agora, com a incerteza, alguns professores estão voltando a ensinar com as regras antigas, outros, mudando a próprio
punho a grafia dos livros -para a
nova ou para a antiga regra.
Mas a variação das normas não
causaria grande diferença. Entre as
1.417 palavras aprendidas nos quatro primeiros anos escolares, apenas 32 mudam com a reforma.
Até o final do ano, a Corte Constitucional Federal deve decidir sobre as novas regras. Se a reforma
for barrada, todos os livros já publicados com as mudanças deverão ser jogados no lixo. Inclusive o
dicionário ortográfico mais vendido da história da Alemanha, o "Duden".
(RO)
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