São Paulo, sábado, 12 de outubro de 2002

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ELEIÇÃO

Aliança religiosa é contrária ao ditador Musharraf

Partidos radicais islâmicos obtêm votação histórica no Paquistão

DA REDAÇÃO

Partidos radicais islâmicos que se opõem à influência dos EUA sobre o Paquistão e à presença americana no Afeganistão obtiveram surpreendentes resultados ontem, na fase final do escrutínio das eleições paquistanesas, o que, potencialmente, lhes dará a oportunidade de participar da coalizão que, segundo as regras vigentes, deverá substituir o regime militar liderado pelo ditador Pervez Musharraf no futuro.
Com a maioria das 272 cadeiras que estavam em disputa direta definida, um partido fiel a Musharraf (Liga Muçulmana do Paquistão Quaid-e-Azam, LMPQA) estava na primeira colocação, mas ainda se encontrava longe da maioria na Assembléia Nacional.
Os partidos religiosos radicais se aproveitaram do descontentamento popular com a cooperação do Paquistão com a guerra ao terrorismo liderada pelos EUA e obtiveram uma grande vitória nas Províncias situadas no oeste (vizinhas do Afeganistão), a Fronteira Noroeste e o Baluquistão.
De acordo com analistas, o elevado número de eleitores que não votaram e o fato de que os ex-premiês Nawaz Sharif e Benazir Bhutto não puderam concorrer por impedimentos legais também favoreceram a boa performance dos partidos radicais.
Por enquanto, espera-se que os partidos independentes e regionais se alinhem à LMPQA, classificada de "partido do rei" -por conta de seu apoio a Musharraf- por seus adversários políticos, com o intuito de formar uma coalizão governamental.
Mas a Mutahidda Majlis-e-Amal (MMA), uma aliança de partidos muçulmanos radicais, que conquistou 47 cadeiras na Assembléia Nacional, deverá ter um papel importante. Ela tinha apenas duas cadeiras até então.
"Com a MMA no comando da Fronteira Noroeste e do Baluquistão, a busca por rebeldes do Taleban ou da Al Qaeda ficará quase impossível nessa região", disse Najam Sethi, editor do influente "Friday Times", que acrescentou que a aliança pode começar a implementar a lei islâmica na região.
Bhutto, chefe exilada do Partido do Povo do Paquistão, que liderava a disputa, segundo pesquisas de boca-de-urna, acusou Musharraf de fraudar o pleito. Para ela, o general favoreceu os partidos radicais para "mostrar aos EUA que ainda é uma figura crucial para manter a paz no país".


Com agências internacionais


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