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Bush promete não atacar norte-coreanos
Pyongyang diz que pressões serão "declaração de guerra"; Conselho de Segurança permanece dividido sobre as sanções
China e Rússia se opõem à
menção de texto da Carta da
ONU que evoca ameaça à
paz e abre a possibilidade
de uma intervenção militar
DA REDAÇÃO
Enquanto o presidente George W. Bush reiterava ontem
que os Estados Unidos não pretendem atacar militarmente a
Coréia do Norte, o governo
norte-coreano publicava nota,
alertando que interpretará "como uma declaração de guerra"
a adoção de sanções que o afetem em profundidade.
A tensão diplomática se intensificou no desdobramento
da explosão na última segunda-feira, pelos norte-coreanos, de
sua primeira bomba atômica.
O Conselho de Segurança da
ONU está dividido quanto à natureza da punição a ser imposta
ao pequeno e isolado país asiático. Seus membros permanentes (EUA, Reino Unido, França,
Rússia e China) reuniram-se
ontem de manhã para concordar sobre a adoção de sanções,
mas discordar sobre a extensão
que elas deverão ter.
O embaixador americano,
John Bolton, prometeu circular entre as demais delegações
uma nova versão do projeto
que gostaria de ver aprovado
até o final desta semana.
Mas a China e a Rússia, apesar de já terem declarado que os
norte-coreanos devem ser punidos, não concordam com a
evocação do Capítulo 7 da Carta da ONU, que evoca ameaça à
paz e prevê como medida extrema a intervenção militar. Bolton insinuou que as negociações seriam árduas.
A delegação russa e sobretudo a chinesa não se dispõem a
abrir suas águas territoriais para a abordagem das embarcações que deixem os portos da
Coréia do Norte ou que sigam
na direção deles. Essa forma de
inspeção foi proposta pelos
EUA para impedir que o pequeno país comunista receba componentes para seus programas
nuclear e de mísseis.
Ainda ontem, o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, lançou um apelo para que o governo americano abra diálogo direto com Pyongyang. Os norte-coreanos disseram que não teriam explodido a bomba se
houvessem discussões bilaterais com Washington.
Mas a idéia foi rejeitada pouco depois por George W. Bush.
O presidente americano afirmou que negociações bilaterais
já haviam sido praticadas no
passado -menção a iniciativa
da administração Clinton-,
mas não deram resultados.
"Nosso objetivo é nenhuma
arma nuclear", afirmou.
Pressionado pelos jornalistas
a revelar em que condições a
Coréia do Norte poderia ser invadida, ele disse que a hipótese
existia de modo teórico, mas
que a prioridade era a diplomacia -"um processo difícil"-, ao
lado do auxílio estratégico a
seus aliados da região, menção
aos mísseis que os EUA fornecerão para que o Japão proteja
seu território e à ajuda militar à
Coréia do Sul.
Comunicado
Enquanto isso, a Coréia do
Norte se pronunciou sobre a
crise pela primeira vez. A agência de notícias oficial publicou
comunicado do Ministério das
Relações Exteriores, no qual
afirma que, "se os Estados Unidos aumentarem contra nós
suas pressões, nós as interpretaremos como uma declaração
de guerra".
Na linguagem diplomática,
"declaração de guerra" é algo
pesado. Permite que o Estado
pressionado possa partir para a
contra-ofensiva armada. Mas
nas Nações Unidas o uso da expressão entrou por enquanto
na lista das bravatas verbais.
Também se pronunciou o
número dois do regime de
Pyongyang, Kim Yong-Nan,
presidente do Presidium da Assembléia Suprema do Povo. Em
entrevista à agência japonesa
Kyodo, ele disse que "a possibilidade de novos testes nucleares está ligada à política americana relacionada a nosso país".
"Se os americanos persistirem em sua atitude hostil e nos
pressionarem de diferentes
formas, não teremos outra opção a não ser partir para "ações
físicas" que nos defendam." Ele
não explicou o significado dessas "ações físicas".
Em Seul, o presidente sul-coreano, Roh Moo-Hyun, aconselhou seus compatriotas a se
prepararem para "um período
prolongado" de tensões com a
Coréia do Norte. Disse que o
teste nuclear ocorreu porque
Pyongyang se sentia "ameaçada" pelos americanos, mas que
essa ameaça foi objeto "de um
exagero desproporcional".
Com agências internacionais
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