São Paulo, segunda-feira, 12 de outubro de 2009

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Dissidência do IRA renuncia à violência

Inla lutava contra o controle britânico na Irlanda do Norte; Hillary Clinton pede boa vontade de Londres

DA REDAÇÃO

O Exército Irlandês de Libertação Nacional -dissidência do Exército Republicano Irlandês (IRA)- renunciou à violência contra o controle britânico na Irlanda do Norte.
O anúncio foi feito ontem por Martin McMonagle, do braço político do grupo, o Partido Republicano Socialista Irlandês: "[...] Após um processo de profundas discussões, consultas e análises, [o grupo] decidiu que a luta armada terminou. O objetivo de uma república de 32 condados será alcançado unicamente por meio da luta política pacífica", completou, referindo-se à reivindicação de uma Irlanda unificada.
Não houve menção sobre entrega de armas, mas a mídia irlandesa disse que ela poderá ocorrer mais adiante.
"É um desdobramento bem-vindo", afirmou o ministro das Relações Exteriores da Irlanda, Michael Martin.
O anúncio do fim da violência por parte do Inla coincide com a visita oficial da secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, à Irlanda. Ela se encontrou ontem, em Dublin, com o primeiro-ministro do país, Brian Cowen, e instou o Reino Unido a conceder à Irlanda do Norte controle sobre seu Judiciário, com o objetivo de dar prosseguimento ao processo de paz na região.
Hillary, que deve se reunir hoje, em Belfast, com líderes norte-irlandeses, disse que o processo de paz na ilha é modelo para outras regiões do mundo. Mas lembrou que ainda há muito a ser feito.
"[O anúncio] levará líderes de ambas as comunidades a trabalharem juntos [...] para tornar uma realidade o ato de governar no dia a dia", afirmou Hillary em entrevista conjunta com Cowen.
"A devolução do controle da ordem e do Judiciário à Irlanda do Norte é um marco absolutamente essencial", afirmou. "Claramente, há questões e algumas apreensões, mas os partidos entendem que esse é um passo que deve ser tomado em conjunto", completou Clinton.
Pontuando o anúncio, dez policiais ficaram feridos ontem em "sérios distúrbios" envolvendo cerca de 150 pessoas no condado de Armagh (sul de Belfast). Segundo a polícia, uma multidão atacou uma patrulha e quebrou os vidros das viaturas, além de ter esmurrado e chutado os policiais.

Histórico mortífero
Os combates entre grupos nacionalistas irlandeses e pró-Reino Unido mataram 3.600 pessoas até 1998, quando foi assinado um tratado de paz com os principais grupos de ambos os lados, incluindo o IRA.
Politicamente à esquerda do IRA, o Inla surgiu em 1975 e se tornou uma das mais cruéis guerrilhas republicanas. Em 1979, em um ataque a bomba em Londres, o grupo paramilitar matou um ex-auxiliar da primeira-ministra britânica Margaret Thatcher.

Com agências internacionais



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