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FOCO
Em novo livro, Mandela tenta afastar imagem de "santo"
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
Nelson Mandela projeta
uma aura de herói. Afinal,
após ficar 27 anos preso, foi o
primeiro presidente negro de
uma África do Sul marcada
pela segregação racial.
Apesar de ter mudado o
destino de uma nação, Mandela é um ser humano e, por
isso, cometeu falhas e também sentiu medo.
É esse lado da história da
vida do ícone antiapartheid
que é contado no livro "Conversations with Myself"
(Conversas comigo mesmo),
que chegará hoje às livrarias
de 20 países, já traduzido em
20 línguas.
A obra foi compilada
-com a benção de Mandela- por arquivistas, editores
e colaboradores a partir notas, cartas, conversas gravadas e outros materiais guardados por décadas.
O prefácio é do presidente
dos EUA, Barack Obama, que
diz que o sul-africano -que
se aposentou da vida pública
em 2004- é inspirador, mesmo não sendo um santo.
"Debaixo da história que
tem sido escrita, há um ser
humano que escolheu a esperança em vez do medo",
escreveu Obama. "E fui lembrado que mesmo tendo se
tornado uma lenda, conhecer o homem [...] é respeitá-lo
ainda mais."
"Conversations" é diferente da autobiografia "Long
Walk to Freedom" (Longo caminho para a liberdade), de
1995, que tinha o objetivo
parcial de ganhar apoio para
ativistas antiapartheid que
debutavam em papéis de liderança no país.
A hipótese de violência
contra sua primeira mulher,
Evelyn Mase, não foi incluída
na autobiografia. Mas, em
"Conversations", Mandela
"oficializa" sua versão do fato, na transcrição de uma
conversa com Ahmed Kathrada, que o ajudava a finalizar "Long Walk".
Ele nega que tenha tentado estrangular Mase, e diz
que ela tentou atingi-lo com
um ferro em brasa.
Seu segundo casamento,
com Winnie Madikizela, também terminou em divórcio. A
angústia de sacrificar a família pela política é um tema recorrente do novo livro.
"Conversations" diz ainda
que Mandela não queria ser
presidente, mas foi pressionado por líderes do Congresso Nacional Africano.
O livro conclui com Mandela dizendo que, enquanto
estava na prisão, temia sobre
a falsa imagem que ele estava
projetando. "Nunca fui um
[santo], mesmo com base em
uma definição terrena de
santo como um pecador que
continua tentando."
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