São Paulo, terça-feira, 12 de outubro de 2010

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FOCO

Em novo livro, Mandela tenta afastar imagem de "santo"

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Nelson Mandela projeta uma aura de herói. Afinal, após ficar 27 anos preso, foi o primeiro presidente negro de uma África do Sul marcada pela segregação racial.
Apesar de ter mudado o destino de uma nação, Mandela é um ser humano e, por isso, cometeu falhas e também sentiu medo.
É esse lado da história da vida do ícone antiapartheid que é contado no livro "Conversations with Myself" (Conversas comigo mesmo), que chegará hoje às livrarias de 20 países, já traduzido em 20 línguas.
A obra foi compilada -com a benção de Mandela- por arquivistas, editores e colaboradores a partir notas, cartas, conversas gravadas e outros materiais guardados por décadas.
O prefácio é do presidente dos EUA, Barack Obama, que diz que o sul-africano -que se aposentou da vida pública em 2004- é inspirador, mesmo não sendo um santo.
"Debaixo da história que tem sido escrita, há um ser humano que escolheu a esperança em vez do medo", escreveu Obama. "E fui lembrado que mesmo tendo se tornado uma lenda, conhecer o homem [...] é respeitá-lo ainda mais."
"Conversations" é diferente da autobiografia "Long Walk to Freedom" (Longo caminho para a liberdade), de 1995, que tinha o objetivo parcial de ganhar apoio para ativistas antiapartheid que debutavam em papéis de liderança no país.
A hipótese de violência contra sua primeira mulher, Evelyn Mase, não foi incluída na autobiografia. Mas, em "Conversations", Mandela "oficializa" sua versão do fato, na transcrição de uma conversa com Ahmed Kathrada, que o ajudava a finalizar "Long Walk".
Ele nega que tenha tentado estrangular Mase, e diz que ela tentou atingi-lo com um ferro em brasa.
Seu segundo casamento, com Winnie Madikizela, também terminou em divórcio. A angústia de sacrificar a família pela política é um tema recorrente do novo livro.
"Conversations" diz ainda que Mandela não queria ser presidente, mas foi pressionado por líderes do Congresso Nacional Africano.
O livro conclui com Mandela dizendo que, enquanto estava na prisão, temia sobre a falsa imagem que ele estava projetando. "Nunca fui um [santo], mesmo com base em uma definição terrena de santo como um pecador que continua tentando."


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