São Paulo, quarta-feira, 12 de outubro de 2011

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Agências de risco rebaixam notas de bancos da Espanha

Standard & Poor's e Fitch veem piora nas perspectivas econômicas do país

Presidente do Banco Central Europeu diz que demora de líderes do bloco em encontrar solução agrava a crise

CAROLINA VILA-NOVA
EM BERLIM

Em mais um sinal da saúde precária do sistema financeiro europeu, as agências Standard & Poor's e Fitch rebaixaram ontem as notas de classificação de risco de diversos bancos da Espanha.
A S&P rebaixou dez bancos e a nota global do setor financeiro espanhol, do nível 3 para 4, em uma escala de 1 a 10 em que 1 é o mais forte. A nota é equivalente à de países como México, Coreia do Sul e República Tcheca. Entre os rebaixados estão Santander e Bilbao Vizcaya Argentaria (BBVA), os dois maiores do país, cujas notas de longo prazo caíram de AA para AA-, com viés negativo.
O presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, alertou que a crise na Europa já atingiu "uma dimensão sistêmica", durante reunião com membros do Parlamento Europeu sobre a recapitalização dos bancos. Trichet disse ainda que a demora das autoridades europeias em encontrar uma solução "só está contribuindo para agravar a situação". Ontem, o Parlamento da Eslováquia recusou a ampliação de um fundo para salvar o euro.

EXPECTATIVA NEGATIVA
O anúncio do rebaixamento espanhol ocorre justo quando autoridades europeias negociam um plano para recapitalizar os bancos da região e assim fortalecê-los em um cenário de crise.
"A economia espanhola enfrenta menores perspectivas de crescimento no curto prazo, o setor imobiliário continua deprimido e a turbulência no mercado de capitais aumentou", disse a S&P, acrescentando que a perspectiva é negativa para os bancos na Espanha para os próximos 15 a 18 meses.
"Já não vemos 2012 como o ano da virada para os bancos espanhóis", disse a nota. A Espanha entrou em recessão em 2008, depois do estouro de uma bolha imobiliária. Três anos depois, o país tem um dos maiores índices de desemprego da Europa e está fortemente endividado.
A S&P calculou que os bancos espanhóis devem acumular entre € 296 bilhões e € 313 bilhões em "ativos problemáticos gerados durante a recessão" -valor equivalente a entre 15,8% e 16,8% do crédito do setor privado existente no país no início da crise. Já a Fitch rebaixou a nota de seis bancos espanhóis, entre eles Santander e BBVA. "Bancos não devem ser mais bem classificados do que os países em que estão domiciliados", disse a agência.
Um rascunho do plano de recapitalização europeu deve ser apresentado hoje. Segundo versões divulgadas pela imprensa internacional, os bancos podem precisar levantar cerca de € 100 bilhões para fortalecer seus balanços.
Além disso, está sendo discutido um novo e mais rígido teste de resistência a crises para os bancos do bloco. Ontem, inspetores da "troica" -União Europeia, FMI e BCE- disseram que deve ser liberada em novembro nova parcela, de € 8 bilhões, do pacote de resgate à Grécia.
Em nota oficial após uma conturbada visita ao país, o grupo apontou que "as metas fiscais para 2011 já são inatingíveis". Para 2012, dependerão da implementação das medidas de austeridade.


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