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IRAQUE NA MIRA
Assembléia vota hoje moção para rejeitar texto da ONU; George W. Bush volta a ameaçar Saddam Hussein
Parlamento iraquiano ataca resolução
DA REDAÇÃO
O Comitê de Relações Exteriores do Parlamento iraquiano recomendou ontem a rejeição da resolução da ONU aprovada na última sexta-feira, e o líder da Assembléia disse que o texto era "um
preâmbulo para a guerra".
O presidente americano, George W. Bush, voltou a advertir Bagdá de que uma ação militar seria
iniciada pelos EUA se o Iraque
não obedecesse à resolução que
dá a inspetores de armas da ONU
poder total de locomoção no país.
"Não tenho responsabilidade
maior do que a de proteger a população americana. Se a ação militar se tornar necessária para nossa própria segurança, acionarei
todo o poder e a força do Exército
dos EUA, e venceremos", disse
Bush em uma cerimônia na Casa
Branca pelo Dia dos Veteranos,
comemorado ontem.
Sessão de emergência
As declarações do líder da Assembléia iraquiana foram feitas
no início de uma sessão de emergência do Parlamento iraquiano
convocada pelo ditador Saddam
Hussein. Ele pediu que os parlamentares recomendassem uma
resposta à resolução, que exige
que o país elimine suas armas de
destruição em massa ou enfrente
"sérias consequências". Bagdá
tem até sexta-feira para dar uma
resposta à ONU.
Mas a decisão final sobre a resposta ao Conselho de Segurança
da ONU -cujos 15 membros votaram pela adoção do texto proposto por EUA e Reino Unido-
recairá sobre o Conselho de Comando Revolucionário, a autoridade mais alta do Iraque, que é liderada por Saddam.
O ditador já utilizou o Parlamento como cobertura para
anunciar decisões difíceis, e palavras duras não significam que a
resolução será rejeitada. Se a recomendação for a de aceitar a resolução, como analistas esperam,
Saddam poderia voltar atrás de
objeções anteriores a qualquer
nova resolução sobre inspeções
de armas alegando estar seguindo
a vontade da população.
O Parlamento é controlado por
Saddam, e o debate de ontem foi
transmitido ao vivo pela TV iraquiana. Parlamentares aplaudiam
ontem a cada vez que o nome de
Saddam era mencionado, sempre
dentro da mesma construção:
"Sua Excelência o Sr. Presidente,
o líder dos guerreiros sagrados,
Saddam Hussein".
Salim al Kubaisi, chefe do Comitê de Relações Exteriores do
Parlamento, disse: "O comitê recomenda o seguinte: a rejeição da
resolução 1441 do Conselho de Segurança e não concordar com ela
por causa da opinião de nosso povo, que deposita confiança em
seus representantes".
Ele fez a declaração depois de o
presidente do Parlamento iraquiano, Saadoun Hammadi, abrir
a sessão dizendo que a resolução
violava leis internacionais e a soberania do Iraque.
"Essa resolução da ONU procura um pretexto para a guerra, e
não uma solução abrangente. Ela
tenta criar crise em vez de cooperação e abre caminho para a
agressão, não para a paz", afirmou Hammadi. "Ela mostra claramente as más intenções do governo dos EUA", acrescentou.
Após uma sessão de três horas,
Hammadi disse que o Parlamento
voltaria a se reunir hoje às 10h (5h
em Brasília) para votar uma moção para rejeitar o texto da ONU.
Ele disse, contudo, que a decisão
final caberia a Saddam.
Se o Iraque aceitar a resolução,
uma equipe de cerca de 25 técnicos e especialistas em desarmamento da ONU, liderada pelo
chefe de inspeções de armas da
organização, Hans Blix, deve partir de Nova York já na sexta-feira.
A primeira parada do grupo será em Chipre, onde o diretor-geral da Agência Internacional de
Energia Atômica, Mohammed El
Baradei, deve se unir à equipe.
A chegada a Bagdá -onde os
técnicos devem começar a montar laboratórios de inspeções-
está prevista para o dia 18.
Em Washington, a assessora de
Bush para assuntos de segurança
nacional, Condoleezza Rice, rejeitou questionou a legitimidade do
Parlamento iraquiano.
"É preciso ser um pouco cético
quanto à independência do Parlamento iraquiano em relação a
Saddam Hussein", afirmou. "Não
creio que ninguém acredite que
isso seja qualquer coisa além de
uma ditadura absoluta. Essa decisão cabe a Saddam Hussein."
Ela também disse que o Iraque
não tem direito de aceitar ou rejeitar a resolução. "Eles são obrigados a aceitá-la, mas a ONU achou
melhor pedir um recibo", disse.
Com agências internacionais
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