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GUERRA SEM LIMITES
Medida reverte decisão do Supremo
Senado dos EUA manda tirar acesso de presos de Guantánamo à Justiça
ERIC SCHMITT
DO "NEW YORK TIMES", EM WASHINGTON
O Senado dos EUA votou anteontem para reverter uma decisão de 2004 da Suprema Corte e
tirar dos prisioneiros de Guantánamo o direito de apelar de sua
prisão em tribunais americanos.
A medida, proposta pelo republicano Lindsey Graham, ainda
precisa passar pela Câmara dos
Deputados, que deve acatá-la.
A decisão do Senado, por 49 votos a 42, surge em meio ao intenso
debate sobre o tratamento de
"combatentes inimigos" estrangeiros sob custódia das Forças Armadas dos EUA, e poucos dias depois de o Senado aprovar um projeto proibindo abusos contra os
cativos. Cerca de 200 dos quase
500 prisioneiros na base militar
americana, situada em Cuba, pediram habeas corpus. Na forma
como foi redigido, o projeto cancelaria esses processos pendentes.
A Suprema Corte havia anunciado nesta semana que examinaria a constitucionalidade dos julgamentos por crimes de guerra,
perante comissões militares instituídas pelo presidente George W.
Bush, de alguns detentos de
Guantánamo. Se o novo projeto
virar lei, especialistas jurídicos dizem que isso jamais acontecerá.
Os democratas no Senado devem solicitar nova votação para
remover a parte da emenda de
Graham que proíbe os prisioneiros de recorrer aos tribunais civis
em busca de um habeas corpus.
Assim, é possível que alguns legisladores adotem uma posição
intermediária, apoiando cláusulas que dariam ao Senado mais
responsabilidade na supervisão
de Guantánamo, mas vetando o
elemento que limitaria as prerrogativas do Judiciário. Dos votos a
favor na última quinta, 5 foram de
democratas e 44, de republicanos.
Houve nove ausências.
Graham diz que seu projeto é
necessário para eliminar a enxurrada de contestações judiciais dos
prisioneiros de guerra, as quais
estão consumindo recursos do
Departamento da Justiça e retardando as tentativas dos interrogadores federais para obter informações de prisioneiros capturados nos campos de batalha do
Afeganistão e outros locais.
Mas os oponentes da medida
vêem nela um grave retrocesso no
tratamento de prisioneiros na
guerra contra o terrorismo e uma
violação dos princípios dos EUA.
Tradução de Paulo Migliacci
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