São Paulo, quarta-feira, 12 de novembro de 2008

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SUCESSÃO NOS EUA / GUERRA SEM FIM

Eleito quer usar Irã contra Bin Laden

Estratégia citada por assessores de Obama ouvidos pelo "Post" explora rivalidade entre xiitas e sunitas

Captura do chefe da Al Qaeda será prioridade; líder paquistanês pede fim de ataques unilaterais dos EUA, mas evita crítica a Obama

DA REDAÇÃO

O presidente eleito Barack Obama pretende tornar o combate à Al Qaeda e a caça ao líder do grupo, Osama bin Laden, prioridade da política externa americana, afirmaram seus assessores de segurança ao "Washington Post".
Os planos de negociação com o Irã, que provocaram controvérsia durante a campanha, são parte dessa estratégia, segundo o jornal, que não informou o nome de suas fontes.
O Irã foi um dos principais beneficiários da "guerra ao terror", que enfraqueceu rivais sunitas do país, de maioria do ramo xiita do islã. As tropas da Otan, aliança militar ocidental, derrubaram o ditador iraquiano Saddam Hussein, inimigo contra o qual os iranianos lutaram nos anos 80, e o regime radical sunita do Taleban no Afeganistão.
Os interesses em comum, porém, não representaram uma aproximação entre os países, apesar do apoio iraniano à invasão do Afeganistão em 2001. George W. Bush colocou Teerã no "eixo do mal" e depois condicionou a cooperação a restrições ao programa nuclear iraniano -condição descartada por Teerã, que nega ter finalidade bélica.
Obama criticou duramente a atual política exterior dos EUA durante a campanha e afirmou que negociaria com o Irã sem impor precondições. O democrata, que se opôs à invasão do Iraque e pretende iniciar a retirada das tropas do país, apresentou a estabilidade do Afeganistão como prioridade.
Segundo os assessores citados pelo "Post", Obama acredita que o governo Bush não priorizou o suficiente a captura de Bin Laden. Acredita-se que ele esteja escondido na porosa fronteira afegã-paquistanesa.
Obama quer aumentar o contingente militar no Afeganistão e não descarta ataques em solo paquistanês. O democrata acusa o país, principal aliado regional dos EUA, de leniência no combate ao terrorismo.
As recentes incursões aéreas americanas, que mataram dezenas de civis paquistaneses, provocam tensões com Islamabad. Ontem, o presidente paquistanês, Asif Ali Zardari, criticou as ações militares unilaterais, que, segundo ele, provocam revolta da população e prejudicam os esforços de combate ao terrorismo.
Em entrevista à "Associated Press", Zardari disse acreditar que Obama reavaliará essa estratégia, mas reconheceu que o democrata talvez autorize ataques e evitou respostas duras às críticas feitas pelo americano.
A aliança com a Casa Branca arrefeceu desde a derrocada do ditador Pervez Musharraf, afastado em agosto da Presidência, mas a parceria ainda é fundamental para o Paquistão. O país, afetado pela crise financeira, busca ajuda do Fundo Monetário Internacional.


Com agências internacionais


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