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Obama começa pelo Japão seu 1º giro asiático
Premiê japonês antecipa que não aceitará imposição de prazo para definir o reposicionamento de tropas dos EUA no país
Diante de impasse sobre militares em Okinawa, conversas devem se centrar em questões como debate sobre mudanças climáticas
JANAINA LAGE
DE NOVA YORK
O presidente dos EUA, Barack Obama, começa hoje sua
primeira viagem à Ásia com o
desafio de reavivar a influência
americana na região. Nos últimos anos o país perdeu espaço,
enquanto a China viu sua influência aumentar.
Jeffrey Bader, assessor de
Obama para assuntos asiáticos,
reforça que uma das mensagens do presidente durante a
viagem é que os EUA são uma
nação do Pacífico asiático. A
preocupação não é em vão. A
região recebe 25% das exportações dos EUA, que significam
1,6 milhão de empregos.
"Há alguma continuidade na
política de [George W.] Bush
para a região. O que realmente
mudou é a dinâmica da Ásia
que recebe agora o presidente,
a economia mudou muito", diz
Evan Feigenbaum, do Council
on Foreign Relations.
A primeira medida dessa nova configuração asiática será o
encontro de Obama com o premiê Yukio Hatoyama.
Eleito pelo Partido Democrata do Japão (centro) após
mais de 50 anos de condução
do país pelo Partido Liberal Democrata (direita), Hatoyama
defende maior "independência" em relação a Washington.
Ele já declarou que não aceita
prazo para tratar do primeiro
problema prático a ser tratado
com o democrata: a realocação
das tropas americanas no país.
O governo questiona um
acordo militar assinado com os
EUA, que prevê a transferência
para Guam (colônia americana
na Micronésia) de 8.000 fuzileiros navais americanos que
estão na ilha de Okinawa. Outro ponto questionado é a construção de uma nova base aérea
para substituir a de Futenma,
também em Okinawa e ponto
central de um plano de realinhamento dos 47 mil soldados
americanos no país.
A presença americana na região é polêmica. Na semana
passada, ocorreram protestos
em Tóquio e em Okinawa. Os
manifestantes carregavam cartazes com frases como "Você
tem o Nobel da Paz, então nos
dê paz em Okinawa". Para Sheila Smith, especialista em Japão
do Council on Foreign Relations, o premiê não poderá protelar a decisão por muito tempo. "A questão-chave é o Orçamento. Eles precisam aprovar o
Orçamento até o fim de dezembro. É o verdadeiro deadline."
O secretário americano da
Defesa, Robert Gates, foi a Tóquio no mês passado para deixar clara a posição americana
-de mudar a base de Futenma
para outra região menos populosa de Okinawa-, o que só aumentou a controvérsia. O gesto
foi percebido como uma tentativa de impor a visão dos EUA.
Diante do impasse, o premiê
japonês deverá concentrar as
conversas em temas de interesse mútuo, como as discussões
sobre mudanças climáticas antes da reunião de Copenhague,
aspectos econômicos e a oferta
de auxílio de US$ 5 bilhões para
o Afeganistão.
Após o Japão, Obama seguirá
para Cingapura, onde se reúne
com os membros da Apec (Cooperação Econômica Ásia-Pacífico). O bloco representa mais
da metade do PIB mundial e
44% do comércio global. De lá,
viajará para a China e depois
para a Coreia do Sul.
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