São Paulo, quinta-feira, 12 de novembro de 2009

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Obama começa pelo Japão seu 1º giro asiático

Premiê japonês antecipa que não aceitará imposição de prazo para definir o reposicionamento de tropas dos EUA no país

Diante de impasse sobre militares em Okinawa, conversas devem se centrar em questões como debate sobre mudanças climáticas


JANAINA LAGE
DE NOVA YORK

O presidente dos EUA, Barack Obama, começa hoje sua primeira viagem à Ásia com o desafio de reavivar a influência americana na região. Nos últimos anos o país perdeu espaço, enquanto a China viu sua influência aumentar.
Jeffrey Bader, assessor de Obama para assuntos asiáticos, reforça que uma das mensagens do presidente durante a viagem é que os EUA são uma nação do Pacífico asiático. A preocupação não é em vão. A região recebe 25% das exportações dos EUA, que significam 1,6 milhão de empregos.
"Há alguma continuidade na política de [George W.] Bush para a região. O que realmente mudou é a dinâmica da Ásia que recebe agora o presidente, a economia mudou muito", diz Evan Feigenbaum, do Council on Foreign Relations.
A primeira medida dessa nova configuração asiática será o encontro de Obama com o premiê Yukio Hatoyama.
Eleito pelo Partido Democrata do Japão (centro) após mais de 50 anos de condução do país pelo Partido Liberal Democrata (direita), Hatoyama defende maior "independência" em relação a Washington. Ele já declarou que não aceita prazo para tratar do primeiro problema prático a ser tratado com o democrata: a realocação das tropas americanas no país.
O governo questiona um acordo militar assinado com os EUA, que prevê a transferência para Guam (colônia americana na Micronésia) de 8.000 fuzileiros navais americanos que estão na ilha de Okinawa. Outro ponto questionado é a construção de uma nova base aérea para substituir a de Futenma, também em Okinawa e ponto central de um plano de realinhamento dos 47 mil soldados americanos no país.
A presença americana na região é polêmica. Na semana passada, ocorreram protestos em Tóquio e em Okinawa. Os manifestantes carregavam cartazes com frases como "Você tem o Nobel da Paz, então nos dê paz em Okinawa". Para Sheila Smith, especialista em Japão do Council on Foreign Relations, o premiê não poderá protelar a decisão por muito tempo. "A questão-chave é o Orçamento. Eles precisam aprovar o Orçamento até o fim de dezembro. É o verdadeiro deadline."
O secretário americano da Defesa, Robert Gates, foi a Tóquio no mês passado para deixar clara a posição americana -de mudar a base de Futenma para outra região menos populosa de Okinawa-, o que só aumentou a controvérsia. O gesto foi percebido como uma tentativa de impor a visão dos EUA.
Diante do impasse, o premiê japonês deverá concentrar as conversas em temas de interesse mútuo, como as discussões sobre mudanças climáticas antes da reunião de Copenhague, aspectos econômicos e a oferta de auxílio de US$ 5 bilhões para o Afeganistão.
Após o Japão, Obama seguirá para Cingapura, onde se reúne com os membros da Apec (Cooperação Econômica Ásia-Pacífico). O bloco representa mais da metade do PIB mundial e 44% do comércio global. De lá, viajará para a China e depois para a Coreia do Sul.


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