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HOLOCAUSTO
Quantia corresponde a 4% da indenização que bancos suíços irão pagar às vítimas do nazismo
Sobreviventes no Brasil terão US$ 50 mi
OTÁVIO DIAS
da Reportagem Local
Cerca de 1.300 judeus que sobreviveram aos campos de concentração nazistas e moram no Brasil deverão dividir indenização de US$
50 milhões, parte de uma compensação a ser paga por bancos suíços
às vítimas do Holocausto.
Em 13 de agosto, a União dos
Bancos Suíços e grupos de sobreviventes do regime nazista chegaram
a um acordo no qual as instituições
se comprometeram a pagar uma
indenização de US$ 1,25 bilhão aos
judeus que foram detidos em campos de concentração.
Os bancos suíços reconheceram
ter comprado do regime nazista
alemão, durante a Segunda Guerra
Mundial (1939-1945), ouro pilhado
de pessoas detidas em campos de
concentração. Admitiram também
ter se apropriado de recursos depositados por judeus em contas
bancárias antes da guerra.
A reparação deverá ser dividida
entre os sobreviventes do Holocausto espalhados pelo mundo. À
comunidade brasileira, segundo
pré-acordo firmado pelo Congresso Mundial Judaico, caberia 4% da
reparação.
De acordo com Henry I. Sobel,
presidente do Rabinato da Congregação Israelita Paulista, as vítimas que moram em Israel receberiam 33% da verba, as norte-americanas teriam 25% e as argentinas,
7%, entre outras. A divisão não foi
ainda oficializada.
"O Holocausto não foi somente o
maior genocídio já praticado desde os princípios da civilização. Foi
também o maior roubo da história
da humanidade", disse o rabino
Sobel à Folha.
Na próxima quarta-feira, 18 de
novembro, o subsecretário de Estado para Assuntos Econômicos
dos Estados Unidos, Stuart Eizenstat, um dos protagonistas no processo de reparação às vítimas dos
nazistas, visitará o Brasil.
Eizenstat foi designado pelo presidente norte-americano, Bill Clinton, para fazer um relatório sobre
as ligações entre os bancos suíços e
o regime nazista.
Ele também impulsionou a assinatura do acordo com os bancos
suíços, firmado em Nova York.
Mas Eizenstat não virá ao país
para providenciar o pagamento da
parcela destinada aos sobreviventes brasileiros.
Segundo Sobel, ele vai se reunir
em São Paulo com membros da comissão criada pelo governo brasileiro em 97 para investigar se o
Brasil também foi destinatário de
recursos expropriados de judeus.
A comissão, subordinada ao Ministério da Justiça, tem até abril de
99 para concluir suas investigações
e, caso comprove a existência dos
recursos, propor uma solução.
"Existem indícios de que nazistas
que se refugiaram no Brasil trouxeram bens roubados de judeus
durante a Segunda Guerra", disse
Sobel, que integra a comissão.
Para o rabino, Eizenstat pode
contribuir com sua experiência à
frente das investigações realizadas
pelo governo norte-americano.
"Ele está prestando assessoria
para diversas comissões semelhantes à brasileira", diz.
O destino final da indenização da
União dos Bancos Suíços depende
ainda de uma decisão a ser tomada
pelo Congresso Mundial Judaico,
associações de sobreviventes do
Holocausto e outras entidades.
Segundo Ben Abraham, vice-presidente da Associação Mundial
dos Sobreviventes do Holocausto,
que mora no Brasil, há três propostas em análise.
A primeira prevê a distribuição
dos recursos entre todos os sobreviventes. Outros sugerem que a
verba seja destinada às vítimas que
se encontram em dificuldade financeira. E há ainda uma terceira
vertente favorável a que os recursos sejam administrados por instituições filantrópicas.
"Não há, por enquanto, qualquer
decisão tomada", afirmou Ben
Abraham, 73, à Folha.
O rabino Sobel, que é membro da
direção do Congresso Mundial Judaico, é favorável à distribuição
dos recursos diretamente para as
vítimas ou, no caso de não estarem
mais vivas, a seus familiares mais
próximos.
"É a melhor forma de garantir
que as pessoas físicas serão beneficiadas pela indenização", afirmou.
Segundo ele, os judeus que puderem comprovar que possuíam dinheiro em bancos suíços na época
da guerra deverão ser recompensados "em primeira mão".
"Mas sou a favor de que todos os
sobreviventes dos campos de concentração recebam a sua parte",
disse. Ele não soube dizer quando
os recursos chegarão: "Demorará
um pouco, mas o processo já está
em andamento".
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