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ARMAS
Washington diz ter recebido garantias de que mísseis norte-coreanos não seriam entregues a nenhum outro país
EUA deixam navio com Scuds ir ao Iêmen
DA REDAÇÃO
Os EUA permitiram ontem que
o So San, navio norte-coreano
carregado de mísseis Scud interceptado anteontem pela Espanha
no mar da Arábia e entregue, em
seguida, à Marinha americana,
navegasse até o Iêmen.
"Não há nenhuma cláusula do
direito internacional que proíba o
Iêmen de aceitar entregas de mísseis da Coréia do Norte", disse o
porta-voz da Casa Branca, Ari
Fleischer. A preocupação inicial
dos EUA era a de que o destino do
carregamento fosse uma "nação
terrorista em potencial", afirmou.
Mas os EUA decidiram liberar o
navio depois de uma conversa telefônica entre o secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, e o presidente do Iêmen, Ali Abdullah
Saleh. "Fomos assegurados de
que os mísseis seriam usados para
a defesa do Iêmen e que, sob nenhuma circunstância, iriam para
outro lugar", disse Powell.
Ainda assim, Washington deve
investigar por que os mísseis estavam escondidos sob sacos de cimento e por que o navio não tinha
bandeira, disse Fleischer.
O So San foi interceptado anteontem pela Espanha, que enviou helicópteros com forças especiais ao navio, em águas internacionais perto do Iêmen.
O So San, que partiu do porto de
Nampo, estava, segundo Washington, sendo rastreado pelos
serviços de inteligência dos EUA
havia semanas e foi entregue à
Marinha americana depois que os
espanhóis o tomaram.
O Iêmen, que tenta se livrar da
imagem de refúgio de terroristas,
protestou então aos EUA e à Espanha, dizendo que os mísseis
eram norte-coreanos e haviam sido comprados para seu Exército.
"O carregamento faz parte de
contratos assinados há algum
tempo. Ele pertence ao governo
iemenita e a seu Exército e deve
ser usado para fins de defesa", disse o chanceler iemenita, Abubakr
al Qirbi, segundo a Saba, a agência
oficial do Iêmen.
Powell disse que Saleh lhe garantiu que o carregamento era "a
última de uma série de remessas"
determinada por um acordo assinado "há vários anos".
Em Madri, Trillo disse que 15
mísseis Scud, 15 ogivas convencionais, 23 tanques de ácido nítrico usado para propelir foguetes e
85 tambores de substâncias químicas não identificadas foram
achados sob sacos de cimento.
Nem o Iêmen nem a Coréia do
Norte são membros do Regime de
Controle de Tecnologias de Mísseis -grupo de 33 países (incluindo EUA, Rússia e Brasil) formado para tentar reduzir as exportações de mísseis.
A Coréia do Norte, cuja principal indústria é a militar, é considerada pelos EUA parte do "eixo
do mal", com o Irã e o Iraque.
O secretário da Defesa, Donald
Rumsfeld, em visita a Djibuti
(África), disse: "[A Coréia do
Norte] segue sendo o maior proliferador de tecnologia de mísseis
balísticos na face da Terra".
Os EUA, que estão ameaçando
atacar o Iraque para livrar o país
de supostas armas de destruição
em massa, afirmaram que a descoberta provavelmente não afetaria sua política em relação à Coréia do Norte. Funcionários do
governo dos EUA disseram que
Washington quer evitar um impasse com o país antes de resolver
a questão iraquiana.
O ditador iraquiano, Saddam
Hussein, atacou Israel e os territórios palestinos e a Arábia Saudita
com dezenas de mísseis Scud durante a Guerra do Golfo de 1991.
Com agências internacionais
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