São Paulo, quinta-feira, 12 de dezembro de 2002

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ARMAS

Washington diz ter recebido garantias de que mísseis norte-coreanos não seriam entregues a nenhum outro país

EUA deixam navio com Scuds ir ao Iêmen

DA REDAÇÃO

Os EUA permitiram ontem que o So San, navio norte-coreano carregado de mísseis Scud interceptado anteontem pela Espanha no mar da Arábia e entregue, em seguida, à Marinha americana, navegasse até o Iêmen.
"Não há nenhuma cláusula do direito internacional que proíba o Iêmen de aceitar entregas de mísseis da Coréia do Norte", disse o porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer. A preocupação inicial dos EUA era a de que o destino do carregamento fosse uma "nação terrorista em potencial", afirmou.
Mas os EUA decidiram liberar o navio depois de uma conversa telefônica entre o secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, e o presidente do Iêmen, Ali Abdullah Saleh. "Fomos assegurados de que os mísseis seriam usados para a defesa do Iêmen e que, sob nenhuma circunstância, iriam para outro lugar", disse Powell.
Ainda assim, Washington deve investigar por que os mísseis estavam escondidos sob sacos de cimento e por que o navio não tinha bandeira, disse Fleischer.
O So San foi interceptado anteontem pela Espanha, que enviou helicópteros com forças especiais ao navio, em águas internacionais perto do Iêmen.
O So San, que partiu do porto de Nampo, estava, segundo Washington, sendo rastreado pelos serviços de inteligência dos EUA havia semanas e foi entregue à Marinha americana depois que os espanhóis o tomaram.
O Iêmen, que tenta se livrar da imagem de refúgio de terroristas, protestou então aos EUA e à Espanha, dizendo que os mísseis eram norte-coreanos e haviam sido comprados para seu Exército.
"O carregamento faz parte de contratos assinados há algum tempo. Ele pertence ao governo iemenita e a seu Exército e deve ser usado para fins de defesa", disse o chanceler iemenita, Abubakr al Qirbi, segundo a Saba, a agência oficial do Iêmen.
Powell disse que Saleh lhe garantiu que o carregamento era "a última de uma série de remessas" determinada por um acordo assinado "há vários anos".
Em Madri, Trillo disse que 15 mísseis Scud, 15 ogivas convencionais, 23 tanques de ácido nítrico usado para propelir foguetes e 85 tambores de substâncias químicas não identificadas foram achados sob sacos de cimento.
Nem o Iêmen nem a Coréia do Norte são membros do Regime de Controle de Tecnologias de Mísseis -grupo de 33 países (incluindo EUA, Rússia e Brasil) formado para tentar reduzir as exportações de mísseis.
A Coréia do Norte, cuja principal indústria é a militar, é considerada pelos EUA parte do "eixo do mal", com o Irã e o Iraque.
O secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, em visita a Djibuti (África), disse: "[A Coréia do Norte] segue sendo o maior proliferador de tecnologia de mísseis balísticos na face da Terra".
Os EUA, que estão ameaçando atacar o Iraque para livrar o país de supostas armas de destruição em massa, afirmaram que a descoberta provavelmente não afetaria sua política em relação à Coréia do Norte. Funcionários do governo dos EUA disseram que Washington quer evitar um impasse com o país antes de resolver a questão iraquiana.
O ditador iraquiano, Saddam Hussein, atacou Israel e os territórios palestinos e a Arábia Saudita com dezenas de mísseis Scud durante a Guerra do Golfo de 1991.


Com agências internacionais


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