São Paulo, segunda-feira, 12 de dezembro de 2005

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Concertação deve ter a maioria no Congresso

DA ENVIADA ESPECIAL A SANTIAGO

Se a disputa presidencial chilena tem grandes chances de não se resolver sem um segundo turno, pelo menos nas eleições parlamentares o prognóstico é favorável à Concertação de um modo como nunca o foi.
O Chile utiliza o sistema binominal para as eleições de deputados e senadores, com a eleição de dois representantes por cada distrito. Por esse sistema, as duas primeiras maiorias ganham representação por igual, caso a lista mais votada não consiga o dobro da porcentagem de votos da segunda maior votação.
Desse modo, uma lista que obtém 35% dos votos consegue a mesma representação de uma lista com 65% da votação - ambas levam 50% das vagas.
"Pelo sistema binominal, é muito difícil estabelecer uma maioria, mas estima-se que há três regiões do Senado em que a Concertação poderia dobrar [a porcentagem], o que lhe daria a maioria tanto no Senado quanto na Câmara", explicou à Folha o cientista político Cláudio Fuentes, diretor da Flacso (Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais) no Chile.
"Assim, pela primeira vez desde a transição para a democracia [1990], é muito provável que a Concertação consiga maioria nas duas Casas", afirmou.
Parte desse novo cenário é explicado pelo fato de o Congresso chileno ter recentemente eliminado as vagas de senador vitalício para ex-presidentes e de senadores designados pelo Executivo -quatro das quais eram destinadas aos ex-comandantes das Forças Armadas e da Polícia Nacional chilena.
A nova Constituição foi promulgada em setembro último, pelo presidente Ricardo Lagos, eleito pela Concertação.
Com a recente modificação constitucional, afirma Fuentes, "pela primeira vez, haverá possibilidade de competição efetiva para o Senado".
Se as urnas confirmarem as recentes pesquisas parlamentares, um eventual governo da socialista Michelle Bachelet, portanto, terá grande facilidade em obter a aprovação de seus projetos no Parlamento.


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