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Concertação deve ter a maioria no Congresso
DA ENVIADA ESPECIAL A SANTIAGO
Se a disputa presidencial chilena tem grandes chances de não se
resolver sem um segundo turno,
pelo menos nas eleições parlamentares o prognóstico é favorável à Concertação de um modo
como nunca o foi.
O Chile utiliza o sistema binominal para as eleições de deputados e senadores, com a eleição de
dois representantes por cada distrito. Por esse sistema, as duas primeiras maiorias ganham representação por igual, caso a lista
mais votada não consiga o dobro
da porcentagem de votos da segunda maior votação.
Desse modo, uma lista que obtém 35% dos votos consegue a
mesma representação de uma lista com 65% da votação - ambas
levam 50% das vagas.
"Pelo sistema binominal, é muito difícil estabelecer uma maioria,
mas estima-se que há três regiões
do Senado em que a Concertação
poderia dobrar [a porcentagem],
o que lhe daria a maioria tanto no
Senado quanto na Câmara", explicou à Folha o cientista político
Cláudio Fuentes, diretor da Flacso
(Faculdade Latino-Americana de
Ciências Sociais) no Chile.
"Assim, pela primeira vez desde
a transição para a democracia
[1990], é muito provável que a
Concertação consiga maioria nas
duas Casas", afirmou.
Parte desse novo cenário é explicado pelo fato de o Congresso
chileno ter recentemente eliminado as vagas de senador vitalício
para ex-presidentes e de senadores designados pelo Executivo
-quatro das quais eram destinadas aos ex-comandantes das Forças Armadas e da Polícia Nacional
chilena.
A nova Constituição foi promulgada em setembro último, pelo presidente Ricardo Lagos, eleito pela Concertação.
Com a recente modificação
constitucional, afirma Fuentes,
"pela primeira vez, haverá possibilidade de competição efetiva
para o Senado".
Se as urnas confirmarem as recentes pesquisas parlamentares,
um eventual governo da socialista
Michelle Bachelet, portanto, terá
grande facilidade em obter a
aprovação de seus projetos no
Parlamento.
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