São Paulo, sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

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Equador prepara "default responsável", diz ministra

Quito deve suspender pagamento de US$ 3,9 bi

DA REDAÇÃO

A ministra da Economia do Equador, María Elsa Viteri, afirmou ontem em Washington que seu país procura os mecanismos para declarar um "default responsável" de 39% da dívida externa equatoriana, classificada de irregular por uma auditoria interna do governo. O anúncio oficial poderia sair antes da próxima segunda-feira, data de vencimento de um pagamento.
Viteri viajou aos Estados Unidos como parte da campanha do governo Rafael Correa de explicar a investidores e governos os motivos da medida. Se efetivado, será o terceiro calote do Equador em 14 anos e o primeiro cujo motivo não é falta de liquidez, apesar de a queda nos preços do petróleo ter debilitado o caixa oficial.
A auditoria equatoriana recomendou, no dia 20, que Quito deixe de pagar US$ 3,86 bilhões em bônus Global com vencimentos em 2012, 2015 e 2030, adquiridos durante a reestruturação da dívida do país, em 2000, num processo com "ilegalidades". Antes, no dia 15, o Equador já havia postergado em 30 dias o pagamento de US$ 30 milhões em juros relativos ao bônus Global 2012. O prazo termina na segunda.
Até agora, só Venezuela, Bolívia, Cuba e Nicarágua -os países da chavista Alba- apoiaram o direito de Quito de auditar a dívida e impugnar débitos que considere ilegítimos.

Correa em Salvador
O Equador também age para interromper o pagamento de um empréstimo de US$ 243 milhões contraídos no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), por meio do CCR (Convênio de Crédito Recíproco), pelo qual os bancos centrais da região garantem os financiamentos internacionais.
Quito solicitou uma arbitragem na Corte de Arbitragem da Câmara Internacional de Comércio (Paris) sobre o empréstimo no qual aponta irregularidades. O BNDES contesta e a medida provocou grave crise com o Brasil. O dinheiro foi repassado à brasileira Odebrecht, que construiu uma hidrelétrica que apresentou problemas menos de um ano após concluída. A empresa foi expulsa do país.
Ontem, o ministro da Segurança equatoriano, Gustavo Larrea, informou que Rafael Correa participará da Cúpula América Latina e Caribe na Bahia na semana que vem. Larrea também disse que Correa e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva podem ter um encontro bilateral no qual espera que o "impasse" diplomático sobre o empréstimo seja resolvido.

Com agências internacionais



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