São Paulo, sábado, 12 de dezembro de 2009

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Região rejeita golpe de Estado em Honduras

DA REDAÇÃO

Resultados do Latinobarómetro mostram que só 24% da população dos 18 países da região pesquisados apoiam a decisão dos militares de "expulsar Manuel Zelaya" de Honduras.
O golpe -o primeiro da região em três décadas- também é rejeitado pelos próprios hondurenhos (58%), embora o percentual esteja mal distribuído entre as faixas de escolaridade do país hoje sob o comando de Roberto Micheletti.
Entre os que têm nível universitário, o apoio à deposição de Zelaya chega a 40%, contra 30% e 27% entre os que têm ensino médio ou menos e os que têm educação básica ou menos, respectivamente.
A ONG chilena contratou o instituto Cid-Gallup para aplicar o questionário em Honduras entre 21 de setembro -data em que Zelaya voltou ao país- e 26 de outubro e aponta que 65% da população desaprova a forma como Micheletti está lidando com a crise econômica.
A aprovação à gestão de Zelaya é de 48%, evidenciando a divisão em Honduras.
Com a condenação do golpe pela OEA (Organização dos Estados Americanos), o país sofre com o congelamento de grande parte da ajuda internacional, que perfaz quase 20% do Orçamento do país.

Contradição brasileira
O Latinobarómetro mostra que, pela primeira vez, a confiança da população nos governos empata com a destinada às Forças Armadas (45%, atrás da mídia e da Igreja Católica). Mas há ambiguidade quanto ao papel dos militares e à confiança nos mecanismos democráticos para resolver conflitos.
No Brasil, 61% da população opina que os militares devem depor um presidente se ele fizer algum ato que contradiga a Constituição. A taxa é a mais alta da região, seguida do México (58%) e do Paraguai (54%). Na região a média é de 42%, e as mais baixas taxas estão no Uruguai (23%) e no Chile (25%).
Em Honduras, 48% concorda com a ideia. Os golpistas sustentam que foi justamente isso que fizeram: tiraram Zelaya porque ele queria mudar a Constituição para aprovar a reeleição, vetada pela Carta. O deposto, porém, havia proposto formalmente um referendo para convocar uma Assembleia Constituinte que, se aprovada e instalada, instauraria novo regime jurídico no país.
Com 44%, os brasileiros também lideram o ranking dos que concordam com a frase: "Quando há uma situação difícil, tudo bem passar por cima das leis".
"Os dados do Brasil são contraditórios. O apoio da democracia convive com índices altos de apoio a atitudes autoritárias", aponta Marta Lagos, diretora do Latinobarómetro.
Os resultados brasileiros também mostram que o país está menos certo de que é necessário haver um Congresso para que haja democracia. Na região, a taxa é de 57%, contra 55% em 2008. No caso do Brasil, o índice caiu de 50% no ano passado para 45% agora.
É no país também que a percepção da corrupção é mais alta: 34% dos brasileiros souberam de casos de corrupção nos últimos 12 meses, contra 13% na média dos 18 países.


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